sexta-feira, 30 de julho de 2010

Chame Gente!

         

       Sempre acreditei no encontro. No estar juntos. Insisto em dizer que só é triste quem se sente só. E é claro que conforto material, bebida, fumo, música alta ajudam. Ajudam sim a anestesiar as pessoas para que continuem sós. Quantas vezes numa roda de Biodança passou pela minha cabeça que se as pessoas não abrissem mão das pessoas, não precisariam drogar-se tanto. Toda vez que ouço a notícia de alguém que morreu de overdose, por exemplo, fico perplexa de imaginar que ela não tenha encontrado alguém, contado com alguém. Perdeu o “bonde”, se escondeu , não foi para a vida, não gritou, não se espalhou. Perdeu-se de si própria!
         Bia, minha filha mais velha, foi muito feliz quando colocou no seu convite de casamento um trecho de uma música de Marisa Monte que diz: No meio de tanta gente eu encontrei você. Porque o que mais pode ser essa vida além de encontros? Roberto Crema, terapeuta de luz, pontuou tão bem quando disse: Ninguém cura ninguém e ninguém se cura sozinho; as pessoas se curam no encontro. Parece que não valorizamos o que é básico e buscamos a cura no consumismo, na droga,na solidão.
       Minha grande amiga Monica Filizola é antes de tudo outra terapeuta de luz, assim como o Roberto. Faz do seu ofício cura sagrada, seja na Biodança, nas Constelações Familiares, no abraço que nos banha de cuidado perene, na escuta, no Minotauro, e demais workshops. Inventa, reinventa, é incansável e determinada porque acredita na parceria, no colo, nas mãos dadas, no olhar que desvenda a nossa alma. No auge de um encontro de Biodança muitas vezes estamos sozinhos, mas só é assim por termos logo no início trabalhado com o outro. É ele que nos revela.É o encontro com o outro que nos abre uma trincheira para que cheguemos a nós mesmos, para que resgatemos a alegria, a identidade e a saúde. Isto é CURA!
       Marina, minha filha mais nova tem fome de gente. Quer pessoas ao lado dela. Se empolga e convida não sei quantas pessoas para seu aniversários. Está sempre com dois ou três amigos em algum lugar bebemorando o encontro, a amizade, o estamos aí.
        Este texto quer deixar um convite a reflexão e a comunhão para todos os meus amigos. Fica o apelo, que me faz lembrar muito Marina num show que fomos recentemente quando extasiada com a apresentação de Armandinho gritava: CHAME GENTE!!! Numa primeira leitura era um pedido de música, numa segunda leitura... quem a conhece, sabe...

É que Narciso acha feio o que não é espelho

   
   Todos nós crescemos ouvindo o mito de Narciso. Mas só nos damos conta da força deste arquétipo em nós quando passamos por um espelho ou quando o assunto é fotografia. Voce conhece alguém que ao ter uma foto nas mãos vá admirar a paisagem antes de si próprio? Claro que não! Eu, por exemplo sou daquelas que a foto pode estar com luz perfeita, paisagem iluminada e tudo mais perfeitamente enquadrado, se eu não estiver bem rasgo-a. Simples assim!
          Dia desses eu li uma matéria de um sociólogo que dizia que hoje em dia todos querem ou precisam ser vistos. Daí os blogs, orkuts, sites, facebooks, etc...Na hora pensei ser uma dessas. E fui mais longe. Minhas filhas, também! É um tal de fazer book, ensaio fotográfico, banner, pôster. E os inúmeros porta retratos espalhados pela casa e na geladeira? Piração total. Deve ser uma síndrome. Síndrome da vaidade .E eu que achava que não tinha vaidade. Tadinha de mim!
         Hoje em dia a gente tem sempre uma foto na bolsa. Seja no celular, no documento, no pen drive, num cd, estampada em bolsa ou camiseta. Dia chegará em que aqueles adesivos para carros dizendo bebe a bordo terá impressa a foto do dito. É cartão de natal, convites , lembrancinhas e chaveiros com fotos. É triste assumir, mas colocamos Narciso num Altar. Fizemos de nós uma divindade a ser adorada, ainda que apenas por nós mesmos. É preocupante!
         Preocupante mas não desestimulante! Eu, pelo menos não sei se posso desistir do “hobby”. Até mesmo quando vamos a casamentos ou formaturas levamos nossas máquinas ou celulares, apesar dos fotógrafos profissionais contratados. Outro dia Bia e eu estávamos vendo umas fotos que ela tinha baixado no notebook. Como sabemos, clicando na foto ela aparecerá enorme, porém ,parte por parte , antes de aparecer por inteira. Vai daí que ela foi se revelando a partir da minha imagem e eu fui logo dizendo Tá ótima ! (entenda-se To ótima !). Rimos muito de perceber que até que a gente se veja na foto nenhum comentário é feito. Mas, sejamos boazinhas. Somos assim! Até na linguagem popular dizemos: _ oi nós na fita!!! Não se pode remar contra a maré. De minha parte vou tentar me controlar um pouco e quem sabe chega o dia em que não vou mais precisar ter a mesma foto virtual e impressa na bolsa. Já não será um avanço? Abaixo a vaidade! Abaixo a eudolatria! E, se não conseguirmos este feito de uma hora para outra, para que a pressa? Temos a eternidade para crescermos. Com o tempo a gente chega lá. Ou não chega.(?)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O tema:felicidade/amizade

   
    Este texto deveria falar de casamento. Cristine Vargas casou-se com Alexandre (o boi) ontem a tarde no Lago Norte, em festa para ninguém botar defeito. Minha amiga, Candida, sua mãe é muito exigente e requinte foi o que não faltou. Do convite à casa, das flores à musica, da decoração ao buffet, da noiva aos pagens, tudo belo, ousado,iluminado....
       Mas, prefiro desfocalizar do casamento, (cerimônia e festa), embora possa ser imcompreendida por esta heresia. Desculpem me se insisto. Levo o foco para a amizade vivida neste casamento. Felicidade é estar perto dos amigos que trilharam conosco tantos percursos, tantas dúvidas, tantas lágrimas, tantas alegrias.
        Pensar que Varguinha, Neuma, Caco, Ina, Mauro, Marcelo, Nane, Ionio, ¨Bia¨, Marta, Marcia Suaiden ainda fazem parte da torcida que escolhi para minha vida é muiiiiiiiiiiito bom. Como é fácil sustentar a felicidade com pessoas como estas! Ver que qualquer dia é o Mauro que vai estar casando filha, que Luizinha estava um ¨ tudo¨ de linda, que o Ionio tá a cara do Sr Gabriel, que Renata já está cursando psicologia, que confundi o Henrique com o Caco, que as meninas da Nane foram daminhas, como no casamento de minha filha Bia. Gente, isso não tem preço!!!
        Assim como não tem preço continuar tendo a Neuma e o Vargas por perto para me chamarem de guria, eu, uma quase senhora de 55 anos! Lembro-me agora que na semana seguinte ao casamento de Beatriz eu escrevi um cartão para esta família que é tão minha também. Este clã que Deus quis que fossem meus amigos .Tão assim, "todos juntos somos fortes". To lembrando Vinicius que tão bem pontuou: A gente não faz amigos, reconhece-os.
       Cristine, querida, estava tudo muito lindo! Mesmo! Desculpe-me se o tema deixou de ser o casamento propriamente dito e enveredou para a felicidade, ou para a amizade. Em retribuição me resta desejar que tenham sempre a chance de experimentar a felicidade como eu experimentei na sua festa de casamento. To de dedos cruzados. Bjs

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mistério

     
     Faz parte da natureza feminina manter os mistérios e segredos guardados só para nós. O feto que acolhemos é só nosso por nove meses. Nós o entregaremos à luz do mundo, da vida, da fé no amanhã que talvez não venha, da crença em dias melhores, do choro quando o coração aperta de saudade, da consagração de um beijo. Um recém nascido nos braços é a renovação da vida. É a esperança materializada, a profunda reverencia, a certeza do porvir , o brilho nos olhos, o compasso do coração.
     Os sonhos que teremos serão só nossos, ainda que compartilhados fisicamente com nossos amores, os que nos são caros, ainda assim serão só nossos. Poderemos expo-los mas jamais os traduziremos com as nuances que deles guardamos dentro do nosso coração. É assim.
     E o que dizer das nossas dores? Quantos amigos ou amores estarão a postos e no entanto, nós e apenas nós, decidiremos quando deixá-las ir. Nem por isso abrimos mão do colo benfazejo, que nos devolve a inteireza, a fé, o amor, a compaixão, a alegria tão efêmera.
    Nós e somente nós traçaremos novos caminhos antigos, novas tentativas antes fracassadas, novos risos, nova esperança depois da desesperança. Faz parte de nossa natureza, nossos mistérios, nosso silencio, nossos segredos, nossa alma sábia e nossa persona aprendiz fazer com que o sagrado nos seja gentilmente revelado e consagrado em nosso templo secreto, nossa morada sagrada, nosso Ser.

sábado, 17 de julho de 2010

Ser Coatlique ( a missão )



      Toda mulher nasce com uma grande missão. Algumas ouvem o chamado, aceitam o desafio, outras, não. Escrevo, hoje, para aquelas que consideramos “guerreiras”. Aqui, acolá ouve-se um gemido que pode ou não se transformar de um choro num pranto. Pois é, dores vem, magoas insistem em permanecer e a raiva nem sempre se manca de ir embora. É neste momento que a nossa missão começa. E como todos precisam de um colo, a mulher já veio com as ancas mais largas e dois airbags no tórax. Já dizia o poeta, a hora é agora, o lugar é aqui, a pessoa é você, ou ela ou ele ou nós, sim porque quando o eu se torna nós a dor se duplica. É matemático, ora. Neste momento ouviremos lá longe um grito que parece dizer: TOWANDA!!!!! É hora de agir, de cumprir a tarefa. Assim, pois,Coatliques amadas tomem suas lanças!!!!! Isto mesmo. É hora de deixá-la agir. Coloquem seus ouvidos no chão de terra batida e vão ouvir um choro, ainda que tímido, sufocado .Pode ser dor do corpo ou da alma de mulher, ou de homem, de criança ou de animal.Pode vir de um raio de dez quiilometros ou da porta ao lado. Cantemos a dor do que chora para que estas dores não fiquem em seus corpos, suas mentes, seus corações. Em ciranda ofertemos o nosso canto que cura. Lancemos mão do velho tambor, preparemos o caldo quente , busquemos a velha colcha de retalhos e não nos esqueçamos do cântaro, porque deverá haver um córrego por perto e precisaremos de muita água. Invoquemo-la mais uma vez. Lá que sabe, La vieja, La loba. A que fareja, que cuida, que ama, que desama,que nutre e que acalma a alma e o coração. E porque não dançar? Dançar em roda o Bolero de Ravel? No compasso ying e yang, o próprio compasso da vida? E por que não bater os pés no chão? Fazer do chão o couro do tambor e cantar e chorar e gargalhar até sentir que a dor se foi e que já podemos encostar as lanças e simplesmente sentar, olhar para o céu , para o chão, para as estrelas e para a terra nos pés e respirar... profundamente... relaxadamente...harmoniozamente...conectadamente...Num grande suspiro...No amor que nos é derramado, no amém tão almejado, no doce embalo de Ser.

terça-feira, 13 de julho de 2010

De quando não cuidei

          
           Anos atrás, numa época em que precisei fazer dinheiro, montei uma empresa com uma amiga, Mavianne, para prestar serviços diversos. Fazíamos de tudo um pouco. Pegar crianças na escola e levar para suas casas, levar e buscar adolescentes em festas, levar crianças ao dentista, ao terapeuta, arrumar gavetas de singles que não tinham tempo, acompanhar idosos às compras, e, porque não, servir eventualmente de baby sitter para bebes cujos pais precisavam se divertir um pouco.

          Assim foi que um dia uma jovem senhora nos contratou para ficar com seu filhinho de cinco anos para que ela e seu marido pudessem ir ao teatro assistir o grande Ney Matogrosso. Vivi já tinha compromisso agendado e, então, fui eu para o endereço fornecido depois de ter acertado preço, que não foi baixo, considerando que era um sábado a noite. Já falei em outras postagens que sou um pouco atrapalhada , porém bem intencionada.

         Logo que cheguei já fui gostando da moça e, claro, do garotinho. Conversa vai, conversa vem, descobrimos coisas em comum, o que me fez sentir que a mãe pode ir sossegada, confiante demais em mim, o que era ótimo para o meu trabalho. Gente, não deu dez minutos e eu fui jogar algo na lixeira do prédio e a porta bateu. Isso mesmo, bateu e eu fiquei do lado de fora e o garotinho do lado de dentro. Pânico geral!! Vivi, socorro, vem aqui!!!!Mas como foi isso? Não sei, vem! Chegou ! Vivi você tem aquelas balas no carro? Sobe com elas. Eis que neste momento sai do apartamento ao lado uma vizinha e me cumprimenta. Oi! Oi, tudo bem? Sou tia dele e a porta bateu. Tia? É tia distante, moro em outra cidade. A porta bateu e o coitadinho tá lá dentro sozinho, mas tá tudo sob controle. E que vozerio é este? Ah! Nada não é a minha filha que está lá de baixo jogando balinhas para ele. Mas ele não come balas! a mãe não deixa! Ela não precisa saber, quer dizer, é uma situação atípica. Voce vai contar?      
          Eles tem que voltar, eles tem que voltar. Peço desculpas, não cobro e me mando a 120. Duas  horas comendo balinhas e sentado do lado de dentro da porta e haja conversa! Seu herói favorito, seus amiguinhos, seu sorvete preferido etc, etc. Rola uma promessa de levá-lo ao Mc dia daqueles para me redimir da falta de cuidado. E, o coração quase sai pela boca quando escuto o casal subindo as escadas. Pasmem... Ainda tem gente compreensiva neste mundo. O casal não só não se zangou, como riu e ainda insistiu em me pagar (coisa que eu já nem cogitava).
          Moral da história... Ás vezes um casal precisa se afastar um pouco da rotina e curtir um pouco, seja a que preço for. Sorte a nossa, Vivi vamos embora. Dias depois eu ligo e insisto em levá lo ao Mc. Promessa é dívida. A mãe com toda delicadeza me diz que prefere que ele não coma gordura trans. No que eu concordo e ainda concluo dizendo : Isto é muito bom; assim como evitar um pouco os doces e as balas. Atrapalhada, ás vezes. Bem intencionada, sempre.......


Navegar é preciso, viver não é preciso


Navegar é preciso, amar não é preciso
Existir é preciso, viver não é preciso
Ser feliz é preciso, o caminhar não é preciso
Sorrir é preciso, mover-se não é preciso
Sonhar é preciso, viajar não é preciso
Buscar é preciso, encontrar não é preciso
Resignificar é preciso,significar não é preciso
Aquietar-se é preciso, paralisar não é preciso
Correr mundo é preciso, mas tampouco é preciso
Experimentar é preciso, quão logo se torna impreciso
Recomeçar é preciso, mas nem sempre é preciso
Confiar é preciso, crer não é preciso
Iludir-se é preciso,viver o sonho não é preciso
Desiludir-se é preciso, crescer não é preciso
Morrer é preciso, ter vivido não é preciso
Renascer é preciso, ser feliz não é preciso

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Biodanza(Pode se ir muito longe depois de pensar que não se podia )




        Olá como vai? Eu vou indo. E você tudo bem? Tudo bem eu vou indo buscar meu lugar no futuro. Quem sabe? Roda mundo roda gigante roda moinho roda peão. O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração. To um pote até aqui de mágoa. E qualquer desatenção, faça não pode ser a gota d’água. Mas quem é você? Diga logo. Prefiro calar e contar com teu colo. Tá lá o corpo estendido no chão. É eu sei também to mal. É uma Construção. Tem que ser Pedro Pedreiro. Lembra? Tijolo com tijolo num desenho mágico. E aí, vai abrir, vai abrir. Vai passar o samba na avenida popular. Bárbara, Bárbara nunca é tarde. Nunca é demais. É tudo ilusão passageira. É eu sei. Pode ser a gota d’água. E cada qual no seu canto. Em cada canto uma dor. Dançou e gargalhou como se ouvisse musica. Pra ver a banda passar cantando coisas de amor. O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou que ainda era moço pra sair do abraço e dançou. Beijou daquela vez como se fosse a última. E cada amigo seu como se fosse o único. Seus olhos embotados de cimento e lágrima. Pra tudo se acabar na quinta feira. E para meu desencanto o que era doce acabou tudo tomou seu lugar depois que a dança acabou. Quero La La La La. Quero te abraçar porque eu to voltando. Pela mulher, a ciranda, pelos amigos daqui. Pelo prazer de chorar e pelo “estamos aí”. E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir. Deus lhe paaaaaaaaaaaaaaaaague.


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Devo ter jogado pedras



         Dores. Esta história começou em 2002. Eram dores estomacais que, tendo ainda as filhas em casa, chamava Marina e pedia- lhe que massageasse minhas costas e o alívio vinha em seguida .Deus me deu uma família gozadora. Vou ser mais clara: Toda vez que abuso de gorduras a dor vem. Quando abusava um pouco as filhas diziam: “come, depois pede para passar a mãozinha”. Lembra que eu disse acima que se massageasse melhorava? Numa das crises violentas que tive eu gritava:”gente, eu to morrendo!”No que as filhas respondiam.” Espera mãe , vamos trazer o talão de cheques e voce deixa algumas folhas assinadas.Outra vez pedi a meu pai que me desse um tapa seco nas costas e fui esmurrada. Desde então propago sempre sua força .Mas, vamos ao que interessa.    
         Estou hospitalizada esperando uma cirurgia de vesícula e tenho pensado em quantas vezes as pessoas quiseram interpretar a minha dor...Isso é nervoso! Já rezou? Não é mau olhado? Pode ser cármico! Perdoa, você tem que perdoar alguém ,ou a si própria! (esta era a pior) porque eu pensava que com tamanha dor qualquer perdão já teria sido negociado com a galera lá de cima. Ingenuidade minha .Sempre que a dor vinha durante a noite, Wilson, tratava de rezar- me,esticar- me , e ministrar-me passes magnéticos. É espírita e querendo amenizar a dor, me pedia que ficasse deitadinha. Acontece que ninguém consegue deitar durante uma crise de vesícula. Sentava- me na cama, o que facilitava ele ficar de pé em frente a mim.É bem intencionado, mas para ele, tudo se resume a espírito, ou influencia de vidas passadas.O que me fazia perguntar. Tá, mas ,e agora nesta vida ,o que faço para a dor passar?É muito estressante...Gente , a ultima coisa que voce quer ouvir na hora da dor é que você é responsável por ela.Passe vai, passe vem , numa das vezes ele pulou e caiu sentado na cama ao meu lado, assustado......Espera aí que agora quem tá mal sou eu! O que tava em você pegou em mim . To mal.Na hora não disse nada. 
         Agora vendo a coisa à distancia me pergunto. Terá o poder da minha mente feito minha vesícula atirar as pedras nele? Risos... Logo nele? Meu fiel escudeiro? Sou tão pequena assim? Se eu fizer uma regressão a vidas passadas verei que um dia , bem distante devo ter jogado pedras na cruz...E, segundo a lei do carma, elas me foram devolvidas. Já entendi tudo. Só me resta esperar que a vesícula desencarne o mais breve possível. E que o hospital marque logo a cirurgia.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Uma bruxa


     Ah pera aí! Todo mundo que busca equilíbrio tem que ter uma bruxa para consultar vez ou outra. E das boas! Luiza, to falando de você. Maria Luiza Brito. A nem sempre doce LUIZINHA . Do arroz selvagem ao reiki, do reiki ao banho de cachoeira pelada, do brinco de argola e do baton laranja, do cabelo vermelho porque se nega a envelhecer loura, do tarot, das runas, do papo com as árvores, dos atritos com o Miguel, da meditação, do tantra, da firmeza de opinião, do incentivo que dá às crianças para que leiam, do toque do tambor, do almoço as cinco da tarde, da varredura com a vassoura xamanica presente de casamento do grupo de mulheres), das dores, das Chagas, das maselas, da doação eterna, do papo cabeça lá em Tibáu, dos movimentos ecológicos, das ervas que semeia, dos chás, das receitas, dos rituais, das danças circulares, da biodança, das constelações, das inquietações, dos mistérios, da luz, do eterno humanizar-se, do irmanizar-se. É minha irmã. Tipo aquela irmã mais velha que a gente inveja porque sabe tudo que ainda não sabemos. Casou, mudou para Pipa e lá ,bem longe de nós, mas tão junto dos nossos corações, busca determinada sua felicidade com o Ro a que preço for. Planta coco, planta salsinha, vai a praia, dança, ri, chora até desidratar, grita na mata, acende velas, levanta o queixo, bate tambor, sacode a poeira da palavra SER, encanta, desencanta, é feliz. É grande. É mulher que corre com os lobos. Com o pé no chão, no aqui e agora, no inhame que vira purê, no suor da lida, no banho com sais e cremes canadenses. Nas dores e nos amores pelos irmãos e sobrinhos de Brasília. Meio que Lia Luft na vida ,acaba de ler um livro, limpa o suor do rosto e engrena em outro. Sábia, desacelera-se dia a dia. Busca o aqui e agora. É a xamã. É vida e menopausa, luz e contração, um lado sombra do hilário, ridente, gostosa, amada, é o tarot das deusas e o da cigana. É Gaia. É Perséfone. É Coatlique. É Kuan Yin. A grande mãe terra que vigia seus filhos (nós). Pura força telúrica. Sabedoria. Determinação. Compaixão. E é saudade. Muuuuuita saudade no meu coração.





Prece à totalidade



      Pai que o turbilhão da vida não leve para longe tudo que um dia eu sonhei. Que o dia a dia não tire dos meus olhos o brilho original. Que eu me deixe levar mais pela emoção do que pela razão. Que eu consiga, ao fim do dia, recarregar meu ser de felicidade. Que cada vitória alcançada não seja esquecida e que as estrelas alimentem minha esperança. Que eu busque novos sabores. Que eu não esconda meus sentimentos e nem me acostume a não admirar o mundo. Que eu não me distraia da tarefa de ser feliz. Que eu tenha menos motivos para chorar do que para sorrir. Que eu não apenas cumpra minhas tarefas, mas saboreie-as.Que nenhum momento especial passe desapercebidos. Que já não precise de tantas certezas para ser feliz. Que eu encontre a estrela que ficou perdida na estrada da minha vida. Que eu tente sempre simplificar e que não busque o mais difícil me confundindo no trivial. Que eu tenha a competência necessária para fazer da minha vida uma aventura na prática do bem, sendo mais protagonista do que espectadora. Que eu possa descansar um pouco na certeza de um amanhã renovado e feliz. E que em minhas fraquezas eu consiga ter o carinho e a tolerância que mereço comigo mesma. Amém.

Por não querer não tê-las como amigas...



    Não lhes parece incrível que quando estamos a todo vapor, nos sentindo cheios de energia, a gente acaba virando os dados do destino e adoece? E o mundo acaba por mudar de posição para nós? Tenho sentido saudades...Dos cachorros, das netas, da rua (como gosto da rua!), de minhas amigas, meus amores. Tento jamais mal humorar-me, mas, sabe Deus que preço pago . Leio um pouco, assisto um seriado, falo ao telefone, e, principalmente abro meus emails; o que mais me preenche neste momento. É porque aí eu rio muito com Monicat , com Bia e, entre outras coisas, me delicio com o modo de Ana Austim se comunicar. É muito genuíno, muito ela mesma. Só a Ana para dizer__”somos assim tão ...tantas...não é amiga?”.
       Outro dia ela me passou o número do seu celular da seguinte maneira:__”anote aí 82030101, fácil que nem tele pizza!”Já a Monica é diferente. Pelo título do email a gente sabe que é dela e você pode vê-la dramatizando a mensagem. Ela fez artes plásticas. Por que não fez as cênicas? Cada uma com seu perfil tão próprio, tão singular.
       Quando é da Thereza até o Negão já sabe por causa do teor filosófico religioso e dos fundos musicais. Estou convencida. Saudade é o amor que fica. Tenho sentido muito amor por essas amigas que me cercam e me espreitam. Há mais de ano que nós, da confraria da pintura, insistimos em começar um grupo de papo terapia cada um por si e uma vez por semana todos por todos. Mas nunca vinga. Corre corre, compromissos. Nada acontece. Assim, nos cuidamos durante as aulas mesmo. Aqui e acolá alguém pinta um pouquinho, mas está longe de este ser o objetivo do curso .Parece que insistimos em pintar só por não querer perder o papo. Sabe quando você vê um sapato numa vitrine e pensa __já tenho nhenhentos, não preciso. Mas aí você compra só por não querer não tê-lo? Talvez seja este o sentimento. Já que não conseguimos começar a terapia uma vez por semana , e não queremos não tê-la a coisa rola nos dias de aula. Tão bom , tão intenso...Tudo levado a sério. Temos até supervisão. Rosana não sabe, mas a supervisão é dela. Pessoa legal demais!Super flexível. Quando ela percebe que durante o aconselhamento ela tá nutrindo seu monstrinho ela cai em si, pede um amém e a gente pinta um pouco. Simples assim... Me aguardem, eu volto. O ateliê, por si só, daria um livro!. Fui...

Tia Lurdinha



       Meu Deus, to triste, Beatu Salu se foi.Tia lourdinha, irmã de minha sogra, faleceu. Zé a chamava de Beatu Salu, porque ela buscava muito a religião; e, quando se é jovem não valorizamos tais posturas. Não me lembro dela dando palpites, lembro-me dela sempre tentando somar. Tentando abrir os nossos olhos quanto aos valores que permeiam nossa sociedade. Era quietinha. Mais observava do que falava. Quase uma sombra. Aqui e acolá vinha a Itaipava para uma visita. Não tinha carro. Vinha de ônibus mesmo. Pura doação. Assim como era pura doação as visitas que ela insistia em fazer aos doentes e necessitados, aplicando Johrei( daí o apelido). Como queria ter dito a ela que seus móveis e lençóis teriam sido bem vindos. Eram lindos e sua intenção, mais bonita ainda. Acho que em algum momento se perdeu um pouco, assim como todos nós. Toda vez quem vinha nos ver ficava em mim a impressão de que não tinha falado tudo, ou o mais importante. Quantas dores, amores e medos se perderam naquelecorpo? Quantas alegrias simples seu coração experimentou.
         Mas que vida é esta que a gente vive tão junto e tão distante dos que estão próximo? Onde é que está escrito em letras garrafais que tentar se aproximar é invasão? Parece que precisamos ser o mais discretos possível. Quase formais. Como se não fosse de bom tom nos envolvermos. Será que quem não se envolve se desenvolve? Me parece que não. Quantos momentos perdidos, quantas chances de estreitamento dos laços foram ignoradas. Estaremos cegos, surdos, engessados? Alguém aí tenha a bondade de me ajudar a entender em que momento decidimos que é mais criterioso ser discreto? Sim, porque caso se interessar pelo próximo seja errado, gostaria de rever estes valores. Tanto já se falou de amor, de união. Tudo teoria? A vida não para...E nós reféns da cautela e do medo perdemos tanto... Oh Deus, não deixe que eu continue perdendo. Se tiver que ser intrometida, que seja. Se o melhor ainda é arrepender-se do que foi feito em detrimento do que não foi. Que eu enfim me permita humanizar-me "invadindo" ao máximo aqueles que me toquem o coração. Sem arrependimentos. Eles um dia compreenderão...






O que é bom?



         Nem sempre é bom, nem sempre é leve, nem sempre é fácil. Dias sim, dias não. Tpm, tesão, Cordon bleu e feijão. Bom é quando, em meio a rotina que nos distancia, ouvimos do outro que ainda assim ele fica. Fácil é a relação verdadeira onde pode chegar um parente para morar conosco e a gente estica a casa, o quarto, a paciência .Bom é quando o outro leva o nosso remédio na cama, e em seguida o cafezinho .É programar cada viagem em detalhes perguntando sempre ao outro. Mais algum lugar? Qual o hotel? Quantos dias? Os homens que nos perdoem, mas soberania está para nós, mulheres, assim como futebol está para vocês. Paciência, somos mais complexas. Façam um esforço.
          É viver o luto dos entes queridos e assumir junto as seqüelas dos days after. É soprar a favor das decisões do outro. É, entusiasmado, dizer que prefere o seu cabelo grisalho .Com mechas naturais. É sentar-se para discutir a relação e, no dia seguinte, esforçar-se para mudar. É ficar apenas porque ainda não se tomou todos os expressos que queríamos tomar. Ficar porque ainda não fomos a Provence. Ficar na esperança de se poder estar mais junto, mais leve, mais inteiro. Ficar e afastar meus medos , minhas crises, meus ais, ou ficar porque o Brasil perdeu e não quero chorar sozinha. Ficar apenas e escutar a minha alma. Ou, apenas escutar a minha alma e ficar.

Da janela ( com o brasileiro há quem possa)


     Da janela do 1015 vejo o sudoeste ir se despindo da névoa da alvorada , cobrindo-se de sol para mais um dia. Avenidas preguiçosas parecem não querer acordar. Alongadas e silentes. Pouco a pouco vão se humanizando de um Brasil que tem fé e esperança, que sonha e acredita, que se bronzeia e que ara a terra, que corre e descansa, que emudece com o fim da partida de futebol, mas segue em frente firme. Me pego pensando em quantos brasileiros estarão à janela no mesmo momento que eu, olhando a vida desta tão querida cidade que nos acolhe . Dia de sol. Dia brasileiro. Dia de copa do mundo.
          Emoção, fogos, gritos, Brasil na rua de camisa verde e amarela. Festa, empolgação e coração. Passa o tempo, passam os minutos, só não passa o Brasil para as finais. O peito aperta. Ausência de som, ausência de folia. Cessam os fogos, os corações apertam e os olhos choram. Da janela o movimento do Brasil me lembra cena do livro Ensaio de uma cegueira, do Saramago,(um mago das letras e das emoçoes). A volta ao lar. Luzes se acendem nas avenidas. Faróis se acendem nos carros que, como sonâmbulos, conduzem este país de volta a casa com a missão cumprida. A missão de construir este dia a dia independente do gol que não veio, do pobre que não comeu, do grito que não saiu da garganta, do salário que não deu, do amor que não voltou. Pouco a pouco as avenidas irão se esvaziar e, todos em casa, com uma nova chance vão sonhar. Um sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. um sonho que se sonha junto é realidade. Basta acreditar e mais quatro anos esperar.

Rir ainda é o melhor remédio

    De volta ao Spa HFA. Como disse em uma postagem anterior, a vida me parou. Na marra. Me deu férias. Não que eu não goste, mas me pegou de surpresa. Afinal, que eu me lembre, seria ou (quero crer) será de 16 a 29 de agosto. Destino: Inverness. A capital das highlands. Escócia. Calma, calma juro que trarei fotos do Sean Conery caso o encontre por lá Porém, a minha intensão maior é encontrar a Rosamunde Pilcher ou seu filho Robin. A esperança é a ultima coisa que morre.
        Mas o que me trás desta vez é o desejo de compartilhar momentos preciosos,verdadeiras pérolas da rotina de um hospital...
          Ontem à tarde estava eu, tranqüila ,assistindo a mais um episódio de BROTHERS AND SISTERS no notebook, sentada na poltrona do quarto. Quem já esteve hospitalizado, ainda que por dois dias, sabe que a gente fica dançando a dança das cadeiras. Ora na cama, ora na poltrona, ora na cama do acompanhante. Talvez seja uma necessidade interior de ver a situação sob outra ótica ou revesando as dores no corpo de ficar numa mesma posição.
        Graças a Deus tenho um acompanhante. Gracinha ele. Seu apelido? Negão.... O grannnnnnnnnnnnnde Negão. Sempre alerta e obediente, sempre prestativo. Obsequioso, mesmo. Acontece que há muito tempo não tira férias e a correria não é mole, não. E vamos que vamos, no automático, tudo bem. Lembrem-se a intenção é sempre boa. Enfim, veio para acompanhar, mas aqui acolá tira uma soneca. Tarde friazinha de Julho, almoçou bem, dormiu....Ninguém melhor do que eu pode entender isto. Voltando ao assunto. Empolgada com o seriado, eu não tirava os olhos da tela e eis que batem à porta. Uma enfermeira gentil me cumprimenta com um sorridente “ boa tarde” e diz que veio só medir a pressão, no que eu concordo com a cabeça....Mas ela não chega perto de mim. Levanto os olhos da tela e, perplexa, vejo que ela está medindo a pressão de quem? Dele mesmo. Do Negão. Penso. Puxa, legal ela! Percebeu que ele já teve um AVC e tá cuidando dele tambem! Que upgrade no atendimento hospitalar brasileiro!!! Mas, como nem tudo que é bom dura muito, ouço-a despedir-se de mim com um sonoro OBRIGADA, no que só me resta dizer HELLLLLOOOO! A paciente sou eu.! Risos...(Ai... desculpa, Negão, te acordamos???) risos...again!