segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O perdão

        Como todo o perdão, o auto perdão é um processo.Um caminho por onde voce viaja e  não um estado permanente que voce alcança.
O crescimento acontece numa espiral.
Quanto mais voce se curar, se amar e se aceitar mais os sentimentos mais sutis de culpa e vergonha chegarão à sua consciencia e assim, assumidos e curados.
Muitas vezes nos perguntamos. Perdoei Fulano? Perdoei a Deus? Perdoei a mim mesmo?
São momentos de dúvida. De incerteza.
Houve momentos em que pensei que podia ter tido melhores pais, melhores amores, melhores amigos, filhos... porque não dizer melhor.... EU?
A experiencia de vida me mostra que existem momentos em que perdôo a todos nós. Sim. A todos os envolvidos.
E é nesses momentos que sei que tudo o que acontece no lado de fora é secundário, e o que acontece dentro é o verdadeiro show. Nestes momentos o que quiser que nos digam ou acusem não nos abalará como antes. O que vale é o que segue aqui dentro.
Em tais momentos eu confio e acredito que as coisas acontecem como devem acontecer para o meu progresso espiritual.
Dentro dessa compreensão, ninguém é culpado ou precisa ser perdoado.
A medida que o auto perdão se enraiza em sua consciencia voce se apoia cada vez mais no aspecto do seu self que inclui, mas que não está preso a sua mente racional e  linear para direcionamento e segurança.
Assim voce se torna mais claro e poderoso, encontrando a sua fonte de força em uma confiança e fé crescentes em algo infinitamente maior que a soma de suas pequenas personalidades.

Resenha de um texto de  Robin Casarjian

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A avó nossa de cada dia

          Reencontro uma amiga e  apresso-me a  mostrar-lhe as mais recentes fotos das netas.Isso me lembra um dos hilários gestos de minha mãe.
Mamãe era encantada com minhas filhas. Em sua carteira voce encontrava alguns trocados, algumas moedas, nenhum cartão de crédito, e muitas fotos das netas.
 No caso dela a carteira era gordinha  não por causa de cartões, mas por conta das fotos de Bia e Marina. Bastava a mamae pegar um taxi e já ia puxando papo com o motorista com o intuito de mostrar-lhe seu pequeno album sempre à mão.
Era interminável a coleção de fotos tres por quatro que ela foi juntando ali. 
Vai daí que um dia num onibus no Rio de Janeiro ela sente de repente que lhe afanaram a carteira.
 Susto, indignação e escandalo se fazem presente.
Mamãe começa a gritar ao motorista que pare o onibus. Melhor, que ele siga direto para a delegacia:
Para! Para o onibus! Seu motorista para essa jeringonça, fui assaltada!
 Minha carteira não está na minha bolsa!
Tem certeza que estava com a senhora? pergunta o trocador.
Claro meu filho como eu poderia ter pago a passagem.
Calma senhora. Tinha documentos?
Sim, mas isto não é problema. Vou ao Felix Pacheco e tiro uma segunda via da identidade.
Senhora ligue imediatamente para o cartão de crédito e peça que cancelem!
Eu não tenho cartão minha gente.... Angustia.
Motorista,  direto para a delegacia!
 Senhora acalme-se.
 Acalmar-me e como fico eu sem as fotos das minhas netas? Risos.... Tristeza.
To passada, diz ela.
Elas são de Brasília. Bia a mais velha tem seis anos e a menor, Marininha tem tres anos. Estudam pela manhã. Bia  faz ballet. Marina karatê.
E por aí vai ( ou foi ).
Minha gente, diz  aos outros passageiros, se foi alguem que ainda não desceu disfarça deixa as fotos debaixo de um dos lugares e tudo bem. Morre aqui. Tem alguma graninha. Que fique com ela mas por favor não leve minhas fotos. Silencio....
Mamãe , que já estava de pé desde o momento em que tudo começou se abaixa e olha debaixo dos lugares. Nada!!! Angustia e indignação.
A estas alturas já quase chorava. Mas não chorou não. Pelo menos não no onibus. Esperou chegar em casa, pegou o telefone e ligou chorando para mim e para meio Rio de Janeiro.
Mas o que que vão querer com as fotos das meninas? perguntava ela.
Dia seguinte cedo vai ao correio. É costume no Rio que as pessoas deixem no Correio central documentos e carteiras extraviados.
Mamãe explica a situação para o primeiro que a atende e segue explicando tudo outra vez até chegar no quarto funcionário.
Um reboliço se faz no saguão do prédio com mamae desolada.
Até que aparece o herói, trazendo um envelopinho com o seu tesouro.
Mamãe se dependura no homem e chora agradecida, Depois pisca para a galera, junta todos numa rodinha e mostra foto por foto para os poucos interessados.
Ah minha filha. Ganhei o dia!
Tava carente, mãe? pergunto eu.
Carente? Não tava era passada com a perda. Não dormi, filha pedindo a Deus que resgatasse minhas fotos.
Mãe e a carteirade identidade? O CPF?
Ah sei lá. Amanha eu penso nisso! Lembra de O vento levou, filha?
Claro que lembro.
Pois é!!!
Porque?
Perdeu-as no vento?
Não me sacaneia, Angela!
O filme acaba com a Vivian Leigh dizendo..... Amanha eu penso.
Ahhhhhhhhhhhhhh, tá!!!
Dia desses Bia me deu fotos recentes das meninas e tive muita vontade que mamãe tivese um endereço lá no céu para que eu as enviasse.
Até porque no filme Nosso lar aparece um tipo de coletivo. Já imaginou mamãe fazendo outro escandalo desta vez num onibus celeste por conta de fotos das bisnetas???

domingo, 21 de agosto de 2011

Abaixo os Bonsais!!! (ou... A árvore da vida)

           O Projeto Evolução, workshop de Biodança vem, assim como o Filme A árvore da vida ( premio Palma de Ouro ) usar a árvore como arquétipo do ser humano.
Assim o que será de nosso tronco se nossas raízes não forem bem acolhidas pela boa terra de Pachamama oportunizando que as mesmas adentrem a terra e se expandam lateralmente?
Cabe refletir: Em que terra fomos plantados? Nossas raízes foram amputadas como as dos Bonsais em nome da boa forma ou foram  incentivadas a crescer livremente em busca da luz ?
E sabido que a força de nosso tronco dependerá delas e de nosso tronco os galhos que se alastrarão para cima e para os lados como numa dança de celebração da vida resultando em total expressão nas flores e frutos.
Teremos nos tornado  Bonsais Humanos? Raízes amputadas e terra escassa?
Quem quer ser  Bonsai sendo vítima de crenças caducas que não colaboram com a totalidade do ser?
Porque não Ipês ou Flamboyants?
É sabido que o externo espelha o interno. Assim...quem poderá expressar-se plenamente com raízes podadas e galhos "trabalhados"?
Por mais que seja considerado arte  a árvore do Bonsai estamos falando aqui de seres humanos que vieram a este planeta para não só ocupar todos os espaços permitidos como para florescer e dar frutos.
Que a gente  se rebele ao fato de  viver nos vasinhos  pequenos e esmagadores que são as nossas crenças, nossa cultura, nosso estilo de vida. Que tenhamos a coragem de perseguir nossa liberdade de expressão.
Sempre há tempo para tentarmos ser o que queríamos ter sido no início, agora e sempre.
Sendo assim em nome da totalidade e da expressão máxima de nós mesmos....
Abaixo os Bonsais!
Que ser feliz seja nosso projeto infinito!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Café Bem casado

          Gosto de café, de bater papo, de filosofar, e gosto de minha neta Ju.
As conversas transcendem os domingos e as festas. Precisamos de mais.
          Assim, de uns tempos para cá formalizamos a prática de nos encontrarmos para trocar nossas dores e nossas delícias num café sugerido por Ju. O Café Bem Casado. Aquele café bem casado e bem direcionado, diria eu, por Lucia. Sua proprietária simpática, atenciosa e perspicaz. Lucia está atenta a tudo com cuidado e reserva. Já gostamos dela. E gostamos de seus quitutes!
Geralmente nos encontramos depois das 17:30 hs o que faz com que lamentemos que o café feche as 19:30hs. Muita coisa para falar, sempre. E o tempo não para.
          A gente fala,  se terapiza e saimos um cadinho melhor. Entre lágrimas e risos me parece que os risos levam vantagens. Até porque a gente tem fé na vida e acredita. Sempre!Como a gente acredita! Somos de uma acreditancia quase ingenua no futuro, no final feliz, no poder pessoal, no riso e porque não dizer no próximo café.
Queremos  mais café e mais bolinhos. Mais coca e mais pão de queijo.
          Me vem agora um pensamento. Baseado no filme/livro Água para elefantes.
E penso que nossa prática poderia se chamar Café para Ju e Angela.
A mensagem do filme é a de que a vida muitas vezes pode ser o maior espetáculo.
E o que trocamos de experienca de vida nestes encontros !!! 
Voamos longe!
E para aterrar de volta...
Um café!!!
O Café Bem Casado fica na 309 Norte , bloco E loja 28.
Vale a pena conferir!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Amputados(?)

            Chega um email belíssimo de  Frei Paulo Sérgio, um novo amigo. No texto uma mensagem.... "Devemos nos sentir equilibrados e felizes por dentro". Parece que estamos a falar de almas.
Mas o que estamos vivendo nestes dias confusos além de uma eterna saudade estrangulada de nosso Ser?
Um desassossego? Uma saudade de nós mesmos? Estaríamos amputados de nosso poder pessoal?
Estariam nossas almas trancafiadas por nosso Ego?
O que fazer? Tem muita coisa boa acontecendo lá fora!
O coração sente, a alma sente e o equilíbrio parece perder-se.
A felicidade se transforma em momentos fugazes.
Resta-nos estarmos atentos e esperançosos em relação a estes momentos e porque não dizer à vida.
Recordo a musica que diz..... Hei fusuê... parede de barro não vai me prender.... Hei fusuê....não me leve a mal, quero sobreviver.( Trecho meu ). 
Tentar, apesar das circunstancias. Sorrir ,ainda que triste. Esculpir ,aqui e acolá, um contorno que nos de a forma exata do amor e do equilíbrio entre o que sou e o que quero ser..
Ser escultor da propria felicidade.
Lembrar o artista que viu a escultura pronta ainda no bloco de mármore e  não nos perdermos tanto de nós.
Pode ser um primeiro passo.
Do resto.... a vida se incumbe. O vento sopra a favor.
Cabe a nós a tarefa de levantar todos os dias e ir correndo tirar a poeira da palavra AMOR. Dizia Lispector.
E ver o medo ir se mandando aos poucos...
Restaurar nossa alma pode ser o caminho para vencer nosso Ego (muitas vezes autoritário).
Ok. O primeiro passo de um longo caminho.
Que seja! Já é alguma coisa!
Então???