segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A vida é uma ribalta

          A vida é um grande teatro. Tal qual ribalta. Uma ilusão.
          Estes ultimos tempos me parecem  uma longa temporada.
          Casa lotada, ingressos esgotados.
          Meus dias se apresentam como uma  série de peças.
          Cada uma em tres atos. Manhã, tarde e noite.
          Sou a última a dormir. E quando as luzes se apagam e meus olhos fecham como a cortina descendo no ato final volto ao camarim e tiro a maquilagem que me sustentou ao longo do dia.
          Depois perambulo pela cochia e lá no fundo dela, num cantinho esccuro, esquecido no chão como um figurino velho, posso ver uma tristezinha que não cede.
          Tento desviar minha atenção desse detalhe me fixando nos aplausos que ainda ouço.
          Assim como a trilha sonora se sustentando em minha mente.
          Repasso então mais uma vez o texto.
          Ousaria improvisar  um pouco.
          Alterar  falas, cenários, gestos.
          Trocar personagens, talvez.
          O teatro não é meu.
          O diretor tem o controle.
          Meu oficio é tão somente dramatizar.
          Que eu faça o melhor que puder.
          E me curve no final.
          Em reverencia,
          Apenas.
         
  
         
  

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Um labirinto escuro demais

Conheço sua dor , sua  solidão, seu cansaço,  sua inquietação. Teoricamente sei bastante das artemanhas da vida . Ela  me ensina muito. A questão é que a teoria sem pratica é vazia. E a vida sabe disso. Há algum tempo estamos desassossegados. Digo estamos porque nunca estivemos tão perto um do interior do outro como agora. Olho para voce na sua apatia  desvitalizada e me vem um sentimento conhecido. Algo "psicologicamente gasto", como diria  a  Ju.  Já andei por estes  estreitos. São corredores escuros, eu sei. Posso ve-lo tentando trajetos aí dentro.Tem jeito não. Voce vai ter que enfrentar o monstro ! Procura  a outra ponta do fio  e não o solta. To aqui fora . Pensa  nos nossos projetos e vem!!! 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Your passports, please! Now, as fotos!

          Como é difícil para uma mulher "das cavernas" como eu me atualizar no computer!!! Hoje,cinco meses após nossa última viagem, aquela que fizemos com Bob e Concita, foi que eu consegui  postar as fotos. Melhor; importá las do Picasa para cá. Bem... antes tarde do que mais tarde!!! Quando eu era pequena, lá em Niteroi, os adultos diziam que devagar se vai longe. A questão é que já passei dos 50!!! Whatever, que seja! Avancei mais um passo!
           Mamãe, posso ir?
           Pode!
           Quantos passos?
           Dez!
           De que mamãe?
           De tartaruga, minha filha!

           

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Vamos pausar tudo e deixar assim

          Lalá escreveu esta frase no seu blog. Postei um comentário e fui pensar no assunto. A vida é feita de pausas, já dizia o Drummond. Pausa, auto regulação. Movimento e não movimento. Simples, mas dificil demais. E se a distancia apagar em ti minha existencia?
Deixar assim... Não pôr resistencia tentando exercer o velho companheiro de vida, Sr Controle. Entrega parece ser a dica do momento. É preciso coragem e determinaçã! Ou não. Basta clicar no pause e ver o que acontece. O que acontece de inicio é uma grande ansiedade. Depois. Bem depois vem uma clareza que nos aponta o tamanho exato da situação. Só  então conseguiremos ver se foi uma pausa ou um ponto final. Vó Tina, que Deus a tenha, aconselharia que fossemos olhar a vida. Enquanto a clareza não vem eu diria que o melhor seria aproveitar a vida que se tem e distrair se um pouco. Quem sabe andar de bicicleta???


Quis prolongar o texto, mas... é melhor deixar assim.
Pausa. Até a próxima.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Vivo desassossegado e escrevo para desassossegar

          Penso que Saramago disse isso quando entendeu que é no desassossego que crescemos buscando saídas, respostas, colos. Sossego.
          Me parece que o meritíssimo senhor Saramago viveu como ninguém O ensaio de uma cegueira. Caminhou determinado por suas questoes e por suas questoes determinado caminhou.
Questionou  a validade e o vazio da vida e nos deixou a questão no livro  A viagem do elefante para que desassossegássemos um pouco mais.
          Dedicou sua vida  e quase todas as suas obras à Pilar, sua mulher, sua incentivadora, seu pilar
          Pilar contava que ao ver Saramago pela promeira vez regressou a casa com uma estranha  paz. A vida a dois que tiveram confirmou seu pressentimento.
          Uma vez Saramago disse "Dentro de nós tem uma coisa que não tem nome. Esta coisa é o que somos". Penso que Pilar acessou este espaço dentro do escritor.
          Quero fechar este texto com mais uma bela citação de Saramago. "Nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida."
          O evangelho segundo Jesus Cristo é outra leitura obrigatória do mestre.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sos brinquedos

          Tive a sorte de ter tido muitas bonecas na minha infancia. Tantas que um dia fui até indelicada com um amiguinho de escola. Explico. Eu estava no jardim de infancia e tinham gemeos na minha turma. Dois irmãos que, acreditem ou não, eram caidinhos por mim. Aquilo me incomodava demais porque eles me paparicavam e eu queria era ser livre para brincar e não usar o recreio para ficar conversando com eles. Até que a professora marcou um batizado de bonecas. Determinado dia poderíamos trazer uma boneca para a escola e fazer o batizado no recreio. Na vespera do dia D os dois vieram me perguntar se eu teria a boneca para levar, pois caso contrário eles poderiam trazer uma das bonecas da irmã deles. Ah mas eu enlouqueci com o gesto. Perplexa por não conceber que uma menina não tivesse bonecas, disse que tinha muitas e que não se preocupassem comigo. Me afastei deles e dei o caso e a amizade por encerrados.
          Tive até pouco tempo  duas bonecas que tinham a minha idade. Uma ganhei de minha tia Olga e a outra de minha tia Irene. A da tia Olga sumiu de minha casa misteriosamente há uns tres anos atrás, ficando apenas uma. Ou melhor, um. Um boneco.
          Quando minhas filhas eram pequenas conheci umas freiras que renovavam as roupas de bonecas antigas e quis fazer uma surpresa no dia das crianças encomendando roupas novas para elas. Ficaram lindas mas a ideia não foi legal. Minhas filhas receberam o "precioso" presente com cara de quem está recebendo um prato com uma laranja de sobremesa em vez do brownie com sorvete tão esperado. Marina até reclamou dizendo que o boneco era homem mas usava baton. Ora o boneco tem cinquenta anos.Ainda é de baquelite. Não só tem a boca vermelhinha (bem natural) como tem as unhas pintadinhas de rosa. kkkkk. Enfim jamais estas bonecas poderiam ter o valor sentimental que tinham para mim.
          Com o tempo levei o bonequinho para o sítio e deixei lá numa esperança remota de minhas netas brincarem com ele. Para minha surpresa , ano passado,encontrei-o jogado no fundo de um armário sem os bracinhos e com a cabeça descolada. Que desapontamento senti. Como? Quem? Não importa. Trouxe-o de volta para casa e fui correr atrás de um "Hospital de bonecas" como se chamavam na minha época os lugares onde se consertevam as ditas. Encontrei um lugar que se chama SOS Brinquedos e, aliviada, deixei o meu querido bebe para cirurgia. A moça que atende tá longe de ter feito Socila, mas no que demorei um pouquinho mais a dona chegou e percebeu o meu cuidado com o boneco. Perguntou se era meu, quantos anos tinha, etc...Mulher é fogo! Sempre sondano a idade da outra! Vá pentear macaco, pensei.
          Pra encurtar o reparo que a mocinha tinha dito que ia demorar uns vinte dias ficou pronto de um dia para o outro porque segundo a dona da loja poderia acontecer algo com ele jogado lá na "fila do INSS" ( a prateleira da loja ). Pessoa de sensibilidade esta! Ok eu a perdoo. O que ela queria mesmo era saber de que década a boneca era. Eu teria dito boneco da estrela, anos 50. Ou ela que fosse procurar no Google José, ora.
          Hoje cedo fui resgatar meu garoto. As roupinhas que elas tinham para vender eram muito simples, mas comprei um pijaminha mixuruca  para que ele não fique com as partes expostas até eu encontrar uma roupinha legal.
          Vim para casa dirigindo com ele no meu colo. Cheguei em casa e deixei-o num cantinho do meu quarto sentado esperando a próxima ida ao sítio para levá-lo de volta. Vai que "dá uma zebra" e as minhas netas um dia ainda o pegam para brincar. E que sejam mais educadas que a Marina e não debochem de seu baton e suas unhas tão naturais.
           Termino este texto com vontade  de gritar "SOS" para a saudade que sinto da minha infancia querida que os anos não trazem mais.( Casimiro de Abreu? )
Obs: Google José, meu parceiro, cedeu gentilmente a imagem do meu bebe ao texto. Do que sou muito grata. Ah se não fossem essas pessoas que trabalham nos bastidores!!!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Outro jeito de amar

          É da determinação de continuar amando o outro que cresço no meu amor. Quando aceito suas recuadas entendendo que muitas vezes quem as dita é seu coração perdido ou confuso, preciso mais uma vez resignificar este amor. Expando-me então. Neste momento aprendo a amar de longe entregando a vontade de estar junto a uma energia amorosa que transforma o vazio da distancia  na plenitude da presença que este amor desenvolve dentro de mim. Na renuncia de estar perto transformo o que sinto em algo  que preenche minha alma e meu coração. A separatividade dá lugar à unidade. Sinto então, que algo se move entre nós como uma força que nasce desta sem que haja uma aproximação excessiva e sem que seja abolida a distancia entre nós.  A resistencia cessa no momento em que aceito que o momento é da forma como é. Assim  sendo permanecemos  mutuamente presentes, mas separados.
          Bert Hellinger afirma que a distancia une. Une de uma forma espiritual, de uma forma pura. Vivemos assim uma intimidade a distancia.  Logo, nunca estamos sós!