Da janela do 1015 vejo o sudoeste ir se despindo da névoa da alvorada , cobrindo-se de sol para mais um dia. Avenidas preguiçosas parecem não querer acordar. Alongadas e silentes. Pouco a pouco vão se humanizando de um Brasil que tem fé e esperança, que sonha e acredita, que se bronzeia e que ara a terra, que corre e descansa, que emudece com o fim da partida de futebol, mas segue em frente firme. Me pego pensando em quantos brasileiros estarão à janela no mesmo momento que eu, olhando a vida desta tão querida cidade que nos acolhe . Dia de sol. Dia brasileiro. Dia de copa do mundo.
Emoção, fogos, gritos, Brasil na rua de camisa verde e amarela. Festa, empolgação e coração. Passa o tempo, passam os minutos, só não passa o Brasil para as finais. O peito aperta. Ausência de som, ausência de folia. Cessam os fogos, os corações apertam e os olhos choram. Da janela o movimento do Brasil me lembra cena do livro Ensaio de uma cegueira, do Saramago,(um mago das letras e das emoçoes). A volta ao lar. Luzes se acendem nas avenidas. Faróis se acendem nos carros que, como sonâmbulos, conduzem este país de volta a casa com a missão cumprida. A missão de construir este dia a dia independente do gol que não veio, do pobre que não comeu, do grito que não saiu da garganta, do salário que não deu, do amor que não voltou. Pouco a pouco as avenidas irão se esvaziar e, todos em casa, com uma nova chance vão sonhar. Um sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. um sonho que se sonha junto é realidade. Basta acreditar e mais quatro anos esperar.
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