quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Eu mais uma vez em busca de mim

                                                                             

                                                                                        



                                            Essa busca de si próprio parece não nos deixar nunca. Em terapia gosto muito de comentar e escarafunchar meus sonhos. Eles me revelam e claramente entendo o meu momento. Dia desses analisávamos um de meus recentes sonhos e mais uma vez me percebi buscando a mim mesma.

Sim. Cada vez que algo significante muda em nossas vidas partimos em busca de nós mesmos again e again. 

Depois que Wilson se foi mais um conceito passou a fazer parte de minha historia. Viúva. Já fui filha, neta, mãe, irmã, sobrinha, professora, namorada, esposa, etc...

Hoje quando penso em minha identidade percebo que sou: mãe, avó, sogra, viúva, amiga, paciente, buscadora. A vida é dinamica e cada hora uma carapuça nos serve; o que vai nos guiando vida a fora.

Aqui e acolá comento algo com Bia, com Vera, com uma amiga. Nesses novos tempos de viuvez tenho buscado um pouco do meu passado. Meus primos, primas, colegas de infância e mocidade. Não tinha entendido o movimento até que Bia pontuou que eu estava fazendo uma busca da Angela lá de tras. Antes de Zé, de Bia, de Marina, de Wilson. A Angela prima da Ro, da outra Ro, do Roberto, do Paulo, da Nely da Maria Alice e outros. Também tenho buscado as tias. Hoje apenas duas. Uma por parte do pai outra por parte da mãe.

Tenho um corredor de fotos antigas no meu corredor onde posso ver e acompanhar minha historia. E cada dia a parede mostra mais uma foto. Um namorado de juventude, uma tia distante, netos do Wilson.

É uma busca gostosa, me parece. Pessoas que me dão noticias de mim e que me lembram que houve tempo em que pensávamos que o céu era perto JUNTOS ! Ou seja temos historias, liga, coisas em comum.

Este texto aconteceu depois de trabalhar um sonho onde eu colocava meu cpf e vinha uma quantidade enorme de folhas p imprimir. Folhas embaralhadas. Um dossie. Ficou claro o texto? Ainda nos sonho queria tirar uma foto com minha mae e meu pai e eles não estavam. Aí... Eureka! chegamos a este emaranhado de vidas e de identidades que a gente tem, ja teve ou terá enquanto vivermos.

E a busca continua. Tem dias que sinto falta de ser filha, outros de ser esposa. Uma grande colcha de retalho ou como diria uma bruxa... Um caldeirão de personalidades, emoções e momentos vividos. Um brinde a todo este dossie que eu não conseguia organizar no sonho e me frustrava e pela noa vontade de rever o sonho com Raquel. Minha gratidão por cada riso ou lagrima caída em terapia porque entender-se pode ser consolador e muito rico para nossa alma e para aceitação de cada fase da vida com clareza e reverência.


quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Tempo tempo tempo tempo

                                                           


                                                                                  

                            De tempos para cá eu conheço bem o medo de ir embora. As vezes acordo triste e nem sei o  porque. Uma angustia, um descontentamento. Quantas vezes me olhei no espelho e gostava do que via, mas aos poucos aquela imagem foi mudando e dando espaço a um outro tipo de mulher.Onde e quando perdi minha face? Sim! Queiramos ou não o tempo vai passar. De algum jeito vai passar. Chronus vai nos engolir. E nada que interessa se pode guardar. Eu que existindo tudo comigo, depende só de mim. Tento deixar tudo como está. Se puder sem medo.

 Quero enfrentar a insonia como gente grande. A minha insanidade é tudo que me resta. É farsa esta minha voz tranquila. Deixa eu sonhar que o tempo não tem pressa. Porque aqui no coração eu sei que vou morrer um pouco a cada dia. Diz Oswaldo.

A amargura e o tempo vão deixar meu corpo  minha alma vazia. Mas afinal.... Onde eu me reconheço? Na foto passada ou no espelho de agora? Quantos segredos que guardei com medo agora ninguém quer saber. Continua Oswaldo. 

Partiu reagir, tentar ser feliz, fazer planos, estar no movimento da vida. Diz Raquel. Dias sim dias não vamos sobrevivendo, mas quero viver e não apenas sobreviver. Rir de tudo e de todos, inclusive de mim.

É preciso ter força e fé. Cada dia mais. Towanda!


* esse texto é uma colcha de retalhos onde pedaços vem de Caetano, Cecília e outros.