quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Nos bailes da vida

          Os sonhos mais lindos sonhei... enquanto rodopiava pelos salões dos clubes cariocas nos tempos em que ainda me chamavam de mocinha. Ao som de Ed Lincon, Ed Maciel, Tabajara e outras orquestras maravilhosas. Costumo dizer que a vida foi muito boa para mim. E foi mesmo. Vivi um tempo em que sonhar fazia parte e dentro do nosso coração tinhamos a certeza da concretização do sonho um dia. Fechávamos os olhos, nos deixávamos conduzir e só acordávamos com o final da musica ou com um discreto pisão nos  pés.
          Os rapazes puxando um pouquinho mais o nosso corpo de encontro ao deles e nós empinando cadinho mais o quadril para trás.  Faces ardentes, mãos geladas, coração descompassado, olhos cerrados, aquela música, aquele perfume ... e a noite tava ganha. Simples assim. Sem promessas de ligações no dia seguinte, muitas vezes sem nem um beijo de boa noite.
          De quimeras mil um castelo erguia... a cada vez que alguém vinha até a minha mesa e cordialmente me tirava para dançar.
          O teu corpo é luz, sedução. E era mesmo. Uma luz que iluminava a alma, aqui dentro. Iluminava a nossa vida, o nosso futuro, o nosso destino. Poema divino cheio de emoção.
          Quando a orquestra cessava as quatro da manhã íamos flutuando para casa com o peito enorme e a cabeça nas nuvens. E aquilo nos abastecia de fantasias por meses. Ou melhor, até o próximo baile. O próximo vestido, a próxima aventura.
          Daria tudo para voltar a ouvir Teu sorriso prende, inebria, entontece... como ouvi várias vezes quando nos finais dos bailes nos despedíamos com os olhos fixados nos olhos do outro. És fascinação. Amor!!!
Quem já viveu a experiencia sabe do que eu estou falando. Quem ainda não viveu, porque não buscar? Ainda dá tempo!
Foto de Henri Cartier Bresson

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