Chega uma hora, geralmente no final do ano, que a gente faz um balanço. Balanço do que serve e do que podemos descartar. Descartamos roupas, compromissos, amigos para enviarmos cartoes, preocupações, lembranças, esperanças, emoções.
Outras vezes nos deparamos com amigos que já estavam esquecidos numa gaveta qualquer e fazemos promessas de nos vermos com mais frequencia. E a lista cresce.
Tudo é ciclico. O que servia ontem hoje segue rumo dando lugar ao novo. A ordem é esvazias as gavetas, abrirmos espaços. Buscar a inteireza que vem do vazio.
Enxuga-se o pranto, os sonhos,os gastos, os contatos,as expectativas, o número de fotos, os compromissos, os espelhos da casa, a poupança, a mala, a herança. Descartar o excesso acumulado para que a alma flua num corpo mais leve. Mais pleno de si.
Um exercício de escolha, desapego, leveza, renovação. E por que não dizer um exercício de constatação, como sugere Oswaldo na letra abaixo.
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
Que coincidência! Estava ouvindo essa música no carro, enquanto vinha para cá, e pensando que é isso mesmo...Mas, como seria se assim não fosse?
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