sexta-feira, 5 de novembro de 2010

E aí galera...

           Mais um caso. Mamãe era budista. Numa das vezes que estávamos em Itaipava ela estava fazendo aniversário de Budismo e programou um lanche para seus amigos budistas. Os amigos que entoavam mantras com ela.
Animada encomendou doces e salgadinhos, comprou refrigerante, chá , café e bolo. Brilhou a prataria e mandou ver. Eu havia falado com ela que eu e o Negão  ficaríamos no chalet para os budistas ficarem a vontade. Mas, ela insistiu que participássemos. Sendo assim nos colocamos a entoar o "Nam myoho rengue kyo" junto com eles. Terminados os mantras mamãe foi para a cozinha passar o café enquanto conversavamos com as pessoas na sala. Tudo disposto sobre a mesa, Negão começou a salivar.
Lembro me como se fosse hoje todas as pessoas de pé em torno da mesa esperando a dona da casa para sentarem se quando todos ouviram do Negão alto e em bom tom: E aí, galera! Quem vai dar o ponta pé inicial?
Silencio geral. Misto de embaraço e apreensão. A única que não ouviu foi Emília, minha vovó.  Porque já tinha mais de noventa e já não "queria" ouvir muito mais. Sabe como é, sabedoria de vida. Acho que no final podemos ouvir apenas o que nos interessa.
           Um dia perguntei se ela tinha  religião. Ela me respondeu: Filha, lá na Alemanha a gente é Luterano. Resposta politicamente correta, pensei. Agora escuta essa. Todos os dias a mamãe entoava os mantras as 18 00 hs. Vovó acompanhava a tudo compenetrada. Quando chegava a hora de mamãe rezar pelos antepassados ela balançava um sininho depois de cada nome citado. No que a vovó se punha a fazer o sinal da cruz imediatamente após. É como dizia o filósofo:  Em se falando de religião, cada um na sua e Deus na de todos nós. Eu teria dito " nas suas " (plural). Afinal vivemos no Brasil.
          Ainda falando em  rezas  me lembro que Charlote, a mãe da Célia, nossa vizinha de Itaipava, rezava o  terço toda tarde. Marina era pequena e ficava encabulada com a cena. Um dia olhou bem demorado para a velhinha depois virou para mim incrédula e disse. "Se ela reza messsssmo eu não sei, mas que as bolinhas andam, andam.
          Enfim são muitas as galeras, muitas as tribos que testemunham nossa busca do religare. Ainda mais com o sincretismo do nosso povo.
Só para fechar, to lembrando do batizado da Amanda. Um brunch. Bia havia encomendado umas coisas gostosas e entre elas havia umas torradinhas tão finas que mais pareciam hóstias. Não sei se já tinha bebido um pouco, mas a certa altura pego Zé, o avô, servindo as torradinhas para as pessoas. Que gentil! pensei . Para logo depois ouvi-lo dizendo " o sangue de Cristo " diante de cada pessoa a quem oferecia. Pode?
Isso porque nenhum de nós segue regularmente religião alguma, mas quando o bicho pega, até cachorro reza! Né não?
          Ia me esquecendo . Dia desses eu ía entrando no Templo da Boa Vontade e dei de cara com a Marina saindo. Oi filha já vai? Já! Fez o caracol? Fiz. Te liguei mais cedo. Voce não atendeu. Tava na São Judas. Fui acender uma vela. Também já acendi a minha hoje. Onde? No site! Quer ir à Comunhão hoje a noite tomar um passe?
Sabe como é. Onde mais de um estiver orando....
Não , vou pra casa dormir cedo, se Deus quiser!
Mãe, que vai fazer amanhã a tarde? Vou pro Xamanismo com Angela Lins.
Não vai pra Constelação? Não. Dá um beijo na turma por mim.
Vc tá bem, né? To. To passando por aquele portal.
Ah filha, mandei imprimir os santinhos!
Tá legal, mãe. Depois me passa alguns.
E sua promessa?
To pagando.
Eu não disse? Onde mais de um ....


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