terça-feira, 9 de novembro de 2010

AMOR - substantivo abstrato

          vamos começar pondo as coisas em ordem. Tem muita distorção nesta área. Nem tudo que é visto como amor é amor. As vezes é vaidade, outras dependencia, outras medo, covardia, ligeira admiração, sexo, e por aí vai. Exemplo. Meu casamento não tá legal mas não quero ficar só. Então deixa estar pra ver como é que fica. Acomodação, mas aos olhos alheios muitas vezes, amor. Outro exemplo. Sou mais uma neurótica e preciso estar sempre me sacrificando por alguém. Fico. Morro de medo de andar com as minhas próprias pernas, afinal saí do colo do pai e caí no do marido. Fico.  E neste "se é para o bem de todos... digo que fico " azar o meu!!!
          Uma filha é criada para cuidar dos pais. Fazem sua cabeça. Quem não quer posar de linda? Resultado? Fulana é uma filha extraordinária. Abriu mão de vários amores, pelos pais! Pura doação! Quando não tá com os velhos tá na igreja! Até porque este espírito precisa descansar da lida tediosa, né não? Mas não é que dá vontade de meter o cacete nessa mulher? Cacete surra mesmo. Ou o outro também.
          No leito de morte da mãe a filha promete cuidar do papaizinho indefeso. Lá se vai sua vida própria embora. Mas está decidida a ser a boazinha. E se não bastasse, ocupa um lugar que não é o seu. Confusão lá na frente. E tome de constelação Familiar para ver se ajeita as coisas.
          Ainda por cima tem a culpa original que nos faz sentir que não merecemos mesmo e tá tudo bem...Bora trabalhar! Lavar roupa todo dia... que agonia. O trabalho dignifica o homem e desgasta a mulher, mas ajuda a esquecer. Quem ainda não viu ou protagonizou este filme?
          Amamos distorcido,  diz Hellinger. Amamos capenga, Lya Luft. Amamos torto, digo eu. Não sabemos exatamente o que é o amor e aí vamos ensaiando ora brincando ora sofrendo.
           Bia, a psicóloga, me diz  que se preciso fazer esforço não é amor e, completa dizendo que nem todo amor soma. Agora entendi. Concordei, mesmo. É difícil ficar teorizando sobre o  abstrato. Ainda mais um abstrato tão desconhecido e, paradoxalmente, tão falado e cantado em versos e prosas.
Tem amor que subtrai, tem amor que maltrata, tem amor que nos venda os olhos, tem amor que enlouquece.
Ah! mas era bom! Bom o cacete! Bom é o que não me faz chorar duas vezes pelo mesmo motivo. A filosofia , em outras palavras, diz assim.  Chorou duas vezes pelo mesmo leite derramado? Lava a leiteira e começa a tomar chá. Gente chá é leve e faz bem a saude. E leite é pra bebes. Já crescemos. Larguemos as tetas de nossas mães, pelo amor a si próprio....
Bora crescer... chorar... parar de chorar... tentar brincar mais.... fazer mais bagunça.... e ter humildade para encarar a "morte" de algo que se um dia foi bom, hoje judia de mim...
Nem eu to falando que é facil. To falando que é honesto com a gente mesmo...
Cuidado gera cuidado e só amor que é amor constrói. Mas como saber que é amor mesmo? Toda vez que o choro for de alegria e o riso se referir a uma dor é sinal de que estamos em sintonia amorosa....
Mas enquanto não vem o que eu faço para não sofrer? Saio correndo buscando novos braços que me acolham?
Pra que a pressa, me perguntou uma amiga certa vez, temos a eternidade!
Viver  em si, já é um ato de amor. Continuar é outro. Correr como os lobos mais um e tentar exercer o perdão é fundamental. Perdoar inclusive a nós mesmos. De preferencia antes de perdoar o outro, é um grande gesto de amor.
Amor a nós mesmos para podermos seguir amando.
Penso que o amor não termina dentro de nós, mas muda o objeto de amor. Sendo assim, como diz um amigo da Marina, Next, please!!!

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