sábado, 11 de setembro de 2010

O jardineiro fiel


     
    Do arco da velha tem jardineiro novo. Jordeny. Chegou quietinho e quietinho faz seu trabalho. Anda devagar porque já teve pressa. Faz um ano que está com a gente. O sítio é outro. O jardim agora pulsa. Tem vida! Tem cores! Tem alma!
          Jordeny e Marisa. Sua companheira. Aos poucos foram conquistando nossa confiança. Hoje o sítio sobrevive com o zelo dessas duas pessoas. Ele planta da Lavanda à abóbora, do cheiro verde à taioba . Nas horas vagas pinta portão, muro e chalé. Troca porta, faz cerca,limpa piscina .Alimenta as cadelas, Vyrna e Menina. E cria um galinho lá no fundo do quintal.

          Atende os hóspedes sempre com cara boa e muita humildade. Corre na venda de bicicleta para prover o que for preciso. Colhe jabuticaba e,quiçá, lava o carro que estiver sujo no pátio. Fala pouco. É circunspecto. É fiel. É leal. O tipo de gente rara estes dias.

          Marisa abre a casa, bate os travesseiros, os cobertores, bate bolo de fubá e passa um café. Prepara um caldo para a noite e deixa as camas arrumadas com perfeição. Tem aquela cara boa que o povo do interior costuma ter. É cuidadosa com a casa, com os filhos e com o que fala. Ponderada, eu diria. Já entendeu que o silencio vale ouro.

          Duas pessoas com quem conto a qualquer hora. Gente simples. Duas pessoas buscando o pão de cada dia aqui no Arco da Velha. Com a gente. Duas pessoas buscando Deus nos domingos à noite. Duas pessoas buscando o futuro dos filhos no suor da luta, no suor das massas e das maçãs. O que me faz lembrar a música e concordar com a letra que diz ser preciso a paz pra poder sorrir. Ser preciso a chuva para florir.





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