segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cadê nós?

          Ora, quem não se lembra das nossas avós batendo na casa da vizinha a pedir dois ovos pra um bolo?
O mundo evoluiu e essas avós que cozinhavam e usavam óculos e avental felizes de ouvirem as novelas de radio em cadeiras de balanço se foram.
          Mais tarde as avós, leitoras de “Cláudia” buscavam mais. Tocavam piano e se intelectualizavam no Scuf. Faziam nossas fantasias juninas ou de anjinho para as festas escolares infantis. Uma ocasião especial e nos presenteavam com um belo vestido feito na velha máquina Singer.
          Carmem da Silva, uma das maiores jornalista que este país já teve, dizia que estas mulheres tinham de ser de circo; adestradas na infância.
O fato é que para nós, mulheres, ser criativa é atributo.Somos multi facetadas.Ou melhor,antenadas e articuladas, para usarmos palavras atuais. 
          Uma pena que o que antes tenha sido uma tentativa de preservar à saúde rumo à longevidade hoje tenha se tornado a busca frenética de uma juventude mal fabricada.
         É claro que uma dieta balanceada ou aquela pintura nos cabelos  nos cai bem, fazem parte. Assim como um bom creme de corpo.Vá lá. O problema é querer aparenta 40 anos estando com 60. Matemáticamente, não dá. Porque não pormos  nossa energia em algo menos utópico?
Apontem-me no   mundo de hormônios artificiais, botox e cirurgias plásticas um rosto bonito como tinham nossas mães em ocasiões especiais. Uma ruga, bem hidratada com maquiagem suave é apenas uma ruga. Qual o problema?
Os cabelos de hoje lembram cabelos de bonecas . Os rostos estão disformes. Os óculos escuros cresceram e mais parecem black outs a nos colocar no anonimato.
A maquiagem é definitiva e, ao sair do banho embora os cabelos estejam despenteados a maquiagem se impõe ao rosto molhado. Intacta!
As roupas mudaram. Não importa mais o tecido, o corte, o caimento. Tudo isto é relevado se a roupa te deixar mais jovem do que sua irmã mais nova ou tão jovem quanto sua filha.
As ruas se tornaram passarelas de mal gosto. Jeans apertadíssimos . Tamancos altíssimos. Brincos enormes, bustos exagerados, unhas verdes ou azuis e blusas cada vez mais transparentes. A gente não consegue mais ver a pessoa que tem por trás da produção, o que me faz perguntar: Cade nós? 
         Minha amiga Darcy diz que, algumas coroas, seriam capazes de beber  leite em pires para se convencerem de que são gatinhas.
         É constrangedor percebermos que estamos nos escondendo dentro de um corpo que mais parece casa antiga em permanente reforma.
         Amigas, nem só de prozac vive um ser humano! Mais aconselhável seria que trocássemos a fluoxetina por uma longa escuta, escuta de nós mesmas. Que tal refletirmos sobre a menopausa e fazermos dela nossa conselheira? Refletir sobre a vida que se viveu e a que ainda se vai viver.
          Érico Veríssimo tinha uma mulher encantadora e, já idosa, perguntaram-na como ela via a velhice; no que ela respondeu: -“Acho ótima; Até porque a alternativa é a morte”.
          Chega de tentar estender uma mocidade artificial. Cada coisa no seu tempo. Assim como a Fernanda,  a Lya Luft e tantas outras que estão envelhecendo com tanta classe e tanto carisma.
         Que tal  um brinde a cada etapa  vivida com a dignidade que vem da certeza de termos somado? Santé!!!

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