sexta-feira, 18 de março de 2011

Da janela do 1011

          Nove meses depois de estar no 1015 ( ver texto da época ) retorno ao décimo andar do HFA. Desta vez como acompanhante. E que desta vez não confunfam o paciente com o acompanhante tentando medir minha pressão. Como diria minha tia Rosa..... Comigo não, violão!!! 
          Tres semanas atrás o Wilson se queixou de apatia e ansiedade. Procuramos o hospital, foi medicado e voltamos para casa. Aí começou um processo de quatro noites sem dormir. Até que decidiu por procurar outro médico. Foi medicado e andou meio" longe de nós". Com  uma apatia ,que não combinava nadinha com seu modo de ser. Depois do carnaval, na quarta feira de cinzas o processo começou a    se transformar numa Pneumonia aguda. Dizem as "más línguas" dos médicos. Por que não falar de coisas mais agradáveis? Línguas pessimistas!!!
           Quarenta e oito horas depois os sintomas da Pneumonia já mostram uma recuperação animadora. A questão é que a Pneumonia pode debilitar as funçoes renais e por isso estamos aqui.
           Boletim feito, vamos falar um pouco de como tudo isso chega aqui dentro. No coração.
          Por enquanto chega com muita dor, com muito medo, com muita esperança e com muita raiva. A Resignação eu to empurrando mais pra frente, embora saiba na teoria talvez fosse melhor fazer o contrário. Sabe o que é? Neste momento  parece que a resignação pode enfraquecer a minha determinação de empenho. Mas fico pensando. Depende de mim? Ou dele? A nossa intenção ajuda?
        Até onde o meu esforço e a minha tentativa de controle farão alguma diferença? Fico pensando que tanto o Destino quanto a Morte ficam de arquibancada observando meus movimentos em atitude "superior"?
Tipo assim..... Deixemos que ela faça seus movimentos .
          Prefiro então ir ter com a Aceitação. Esta me parece um poucio menos pedante, mas tampouco me consola como eu esperava.
O Apego , por sua vez, fica me rondando com ares de ..... Eu  te   avisei!!!
E eu não tentei? Tenho vontade de perguntar.
E da janela do 1011 vejo chuva, vejo sol, vejo carros e vejo gente. Gente cumprindo a lida. Sua rotina.
Exames feitos, sinais vitais conferidos, banho tomado e merenda aceita dorme um pouco. É parece que a Paz se faz visita acompanhada da Confiança.
 É bom te- las aqui um pouco. Me fortalecem. E a ele também, acho.
Voltando a olhar pela janela penso que vou dar uma volta rápida. Pego a bolsa e saio. Chego no térreo e também não tá bom, sabe? Insisto. Ando um pouco pelo Setor Sudoeste, vou em casa, passo no Candanguinho p ver as netas e.....volto.
Daria tudo para ver o olhar do Wilson mostrar entusiasmo com o meu retorno. Quem precisa de quem neste momento? Sento me na cadeira da acompanhante ,abro o note, o blog, os emails, leio um pouco o livro de Amy Tam que Lilia me deu.
 Entra enfermeiro, nutricionista, faxineira, gente da copa, gente do laboratório. E é esta a nossa   circunstancia de vida. Como manter a esperança? E quanto as circunstancias propriamente ditas? Simplesmente questão de destino? Ou a vemos sob o conceito chines de sorte? O conceito cristão da vontade de Deus? O conceito americano de escolha?
Falo  ao telefone com Marina, com Bia, com Lilia. Meu "Estamos aí!"
"Minha lojística".
Foto de outubro de 2010. Londres.

Um comentário:

  1. Ái amiga, nem sei o que te deizer...mas pense que, pela vontade de Deus, vc teve a sorte de fazer essa escolha, e que tudo isso é apenas um momento, uma circunstância. Joga pro universo. Tem dia que é assim, ninguém tem culpa, às vezes é só a causa. Olha pro céu, a lua está enchendo, e isso nos afeta mesmo, torna tudo mais...forte, intenso. Tem hora em que nada adianta, nem uma "voltinha", nada. Aperta aquela boneca no seu bolso, ela vai te dizer o que fazer.

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