Segunda-feira, 28 de junho, 5 30 da manhã . HFA. Sou acordada pela enfermeira para que meus sinais vitais sejam testados. Tudo bem. Pressão 10 por 7, glicose 73, temperatura 35.8. Enquanto ela Gentilmente me diz numa linguagem numérica que eu “sobrevivi” eu olho por trás dela, através da janela ,o dia começando. Seus matizes e seu silêncio.Um novo dia. Uma das mais belas metáforas que a vida nos dá. Uma promessa de recomeço. Um chamado. Um grito de esperança silencioso dentro de mim. Paz. Confiança. Ligo o celular. Mensagem de Neide (que absurdo).....Voce vai tirar de letra! O dr Fritz vai cuidar de vc e com CERTEZA te CURAR!.... penso: mas ela mandou esta mensagem ontem e eu já apaguei. Penso na minha mãe, depois em Deus, em nossa senhora e em tantos outros que estão rezando/torcendo para que eu me recupere. Penso. Tem uma torcida lá fora...sol, gente, prece, entidades e luz. A luz do dia. A luz da vida, da fé, do amor,a luz que sempre vem depois da escuridão,A luz que promete, que aquece, que nutre, e que cura, cura, cura, cura, Parece música nos meus ouvidos esta última frase. Lembro de uma música belíssima. Começar de novo.....e contar comigo....vai valer a pena... ter sobrevivido... Quantas vezes na vida cantarolei esta estrófe apenas para mim, lá dentro , murmurando... Um acalanto “A... Time to sit and rock”, outra metáfora linda que toda mulher que já embalou uma criança numa cadeira de balanço conhece bem. Ou pelo menos toda mulher loba.
Clarissa Pinkolas tem uma tese de que a mulher, assim como as lobas, tem o dom de renovar as criaturas que estão sofrendo. É o canto sobre os ossos. (metáfora). No livro mulheres que correm com os lobos, a apresentação disserta sobre este poder. E então ela conta que havia certa vez uma ossada de um lobo e que a mulher selvagem (arquétipo da mulher loba) tem um ritual próprio para estes casos. Ela põe os ossos sobre uma pedra grande e ali canta canta canta. Primeiro bem baixiho. Ninando e depois vai aumentando o volume e a força até que se torna quase um chamado, um ritual. Dizem que nesta hora a ossada começa pouco a pouco a se revestir de carne, e depois de pelos raros que vão se multiplicando até que o animal se levanta, sacode a cauda, dá um salto e corre vigorosamente floresta a dentro. E ele não precisa voltar, porque , como diz Bert Hellinger, é assim.... A mulher se levanta, olha pro céu e entende que precisa voltar para seus afazeres. Sua vida a espera... To como o lobo. Com vontade de correr... Alguém cantou para mim enquanto eu dormia esta noite..E a escuridão se fez luz. E a noite fez-se dia.!!!.Adoro uma metáfora....Oxalá La que sabe, La major, la loba volte sempre que quiser e venha tomar um caldo comigo qualquer dia desses. De preferência daqueles feitos em fogão a lenha numa casinha meio escondida lá longe numa floresta. Tudo metáfora, tudo desejo, tudo intenção, tudo esperança, tudo certeza, tudo “lobice feminina”, tudo força, tudo VIDA
Amiga, o que houve contigo?
ResponderExcluirPedi à Mônica que te ligasse, não tenho o teu celular, mas não tive retorno.
Ainda bem que és essa loba, ou fênix, ou qualquer coisa que tira férias da vida, mas retorna sempre, como quem deixa o casaco no encosto da cadeira; e ainda melhor que volta logo e já está a postos, já registrando o "evento". Dê notícias, mais explícitas, por favor.