quarta-feira, 25 de maio de 2011

Traduzir-se ( somos tantas )


                                               
Uma parte de mim é todo mundo                       
Outra parte é ninguém, fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem
Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida e morte
Será arte ?
Como diz minha neta Larissa:    Me encontro, logo me perco e sigo procurando.
Texto de Ferreira Goulart

sábado, 21 de maio de 2011

Crise

O humor oscila. O corpo dói. A coragem se esconde. O coração aperta. O medo toma conta.
O cansaço persegue. A disposição vence na teima. Os ombros  para frente denunciam. A respiração os enquadra novamente. Solidão e desatino.
A memória se manda. A saudade insiste. A angustia se instala. O choro vem. A vida nos cobrando um lugar que não é nosso. Arrumar a bagunça lá fora parece mais fácil. A  de dentro? Quem sabe amanha? Quero o colo de quarta feira. Sentir-me  apoiada. Fortalecida. Experimentar a leveza dos quarenta anos. Quero mais risos. O brilho nos olhos. A mão apertando a minha. A companhia. O abraço. O cuidado. O papo. O ar da manha renovando a esperança. O ar da noite  reinventando a vida.
Abandonar a crise. Esta janela apertada que sufoca  meu peito.
                                                   
                                                             
                                                                                 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Biodançando, again !

          Retornando mais uma vez a Biodança experimento o que atitudes como cumplicidade, entrega, afetividade, confiança e amor podem fazer por nós,  frágeis criaturas tantas vezes carentes ou vulneráveis. A cada roda, a cada "Ha", a cada olhar mais demorado, a cada abraço dos " Leivas  da vida" um colo, uma reverencia, um suporte, um estamos aí. E a gente retorna para casa  com o coração aquecido por nosso brilho e  poder pessoal tantas vezes ignorados ou esquecidos.
          O encontro de ontem terminou com uma música que descreve com muita propriedade o que buscamos no encontro. A musica diz assim:
                                  When you smile
                                  I can see that faith you have on me
                                  La la la la la la la la la
                                  Oh babe let me love you
                                  La la la la la la la la la
                                  When you smile, smile,
                                  smile, smile, smile.
Que a nossa jornada em busca de nós mesmos seja constante para que, como diz a musica..... dias sim dias não a gente vá sobrevivendo sem arranhão.

domingo, 15 de maio de 2011

Na velha cozinha da 104 o pinguim é testemunha

E  o Picadinho saiu.                                               
Mais um encontro, mais um alomoço do projeto Boa gente, boa mesa.
Graças à Deus com boníssima gente e boníssima comida.
Desta vez contando com a presença de Paulo (diretamente de Curitiba para o almoço).kkkkkkk.
Roberto continua substituindo Henry Bresson, com seu celular/ canyon...
Mas quem roubou a cena desta vez foi Max Miliano José da Silva Sauro. Max para os íntimos. O fiel escudeiro de papai; que a certa altura do almoço quis chamar a atenção e começou a fazer umas acobracias exibindo suas partes. Desencadeando no grupo uma série de contos e memórias sobre cachorros.
E a gente que já está acostumada com a cozinha de Bia, que num outro texto eu chamava de grande utero branco, nos vimos quase colocando panelas sobre panelas na pequena e velha cozinha da 104.
E como diz o título desta postagem o pinguim sobre a geladeira assistia a tudo.
Valeu, again...
Valeu a comida e valeu a oportunidade de estar mais uma vez com amigos que somam nas horas certas e, mais ainda, nas horas incertas.
Assim fica o meu brinde (com água) ao projeto que leva o nome de Boa gente, Boa mesa.
Parabéns Marina!
Parabéns Max!
Obrigada Bob!
Vida longa a nós todos!
                                                                            
                                                                       

terça-feira, 10 de maio de 2011

Stream of consciousness

                                                                        
             Quando cursava Letras na UnB em Brasília fiz  literatura Inglesa. Estudando assim Virginia Woolf e Jaymes Joyce. Em Virginia Woolf  mais particularmente estudei a técnica literária que mistura sentimentos e pensamentos do autor. O stream of consciousness. Me recordo até hoje de como começa Mrs Dalloway. Uma historia de amor e de jovialidade da velhice. O livro descreve um unico dia na vida de uma mulher.
          Estudando a tecnica literária lembro de perguntar a Manuela Alvarenga, minha professora da matéria , se aquilo não seria nada mais nada menos que a nossa consciencia ou, digamos, nosso mental sendo interferido por nossos sntimentos, duvidas, questionamentos. E me lembro de comentar com ela que a mim parecia mesmo um fio de água correndo sem parar. Talvez porque na minha cabeça traduzira stream como riacho. E, juro, que até hoje embora saiba que fluxo traduza melhor a imagem que me vem é a de um riacho. Fazer o que ? Yung explicaria. Mas nem está mais aqui.
Tenho o mental a mil. Como se diz por aí sou muito razão.
E me pego Mrs Daloowaying a little. Não. A lot!!!
Hoje mesmo fui ao sebo. E quantos sentimentos e pensamentos se embaralharam em minha cabeça em meia hora que estive na rua.
         "Vou ao Sebo. Mas ele não é mau. Tá difícil. Vendo os livros. Itaipava, pois sim. Se não vender troco. Cansada. Melhor, entediada. Tudo bem. Então eu troco. Onde estão?
Nora Roberts.As flores. Amanha Ro. Já li. Calor. Que flores compro? Pegar a sacola de tintas. Marina me pega em uma hora mais ou menos. Pode ser? Ok. Obrigada. O carro. Um café . Monjolo. Queria sumir. Oi boneca .Mas as vezes ele é tão bom. Ver o por do sol. Começo o livro ainda hoje.Fracassei mais uma vez. Onde as ponho? E meus óculos?
Que coisa feia!!  Ele que converse com quem quiser. Que flores compro? To tão envelhecida. Ai que delícia de biscoito. Bia sempre cuidando. To só novamente. E pensando nele.Quanto estará o filé aqui? O da mensagem, claro. E se. Pára. Onde está o carro. Ai meu peito.
Valeu. tudo por um livro novo. Tenha paciencia. Quero chorar. Ler. Não fiz o bolo. E se ele for? Nem biscoitinhos. Que flores compro? Onde as ponho? Amanda e Julie. Julho Itaipava. Não quer se sentir enjaulado, disse. Mas isto está dentro dele. Onde estão as chaves do carro?
Não tenho trocado. Olá! Flores coloridas. Bom dia! Boa tarde.Sim eu tenho rocados. Dra Nádia. O email.O por do sol. Kibe fracionado. Está tudo bem. Máquina no concerto. Pago em duas vezes. Flores.
Não sei se volto. Talvez fique por lá. Sexto andar. Está dormindo ou só deitado. O cesto de roupa da Marina. Amanhã . Outro dia. Tudo melhor. To morrendo em vida. To nada . Já já chega o dia de viajar. Os remédios de papai. Este tb não é mole. Raiva. Medo. Medo. Medo. Nene! Nene! Tomo banho lá. As compras. Arrependida. Mas também como saber? Agora é tarde. O bolo. Será que ele vai?"
          Isto foi só uma amostra do que vivi em meia hora. Um stream of consciousness medonho.
Em meio a sentimentos e pensamentos antagonicos tento cumprir a lida do dia. Fico cansada. Realizada também. Será? Realizada com o que?
Com a tela. Com as filhas. Com os amigos. Com ele em seu lado luz. Comigo mesma (nem sempre).
E a Raquel?
Acho que só volto no segundo semestre. Ai quanta coisa para derramar sobre ela. Coitada. O blog. O texto. As horas (passando) e me deixando mais calma como se aliviando um pouco o fardo. Mes que vem Marconi. Amanha Ro e almoço Bia. Quiça mais um texto? Mais uma alegria? Outra ideia. Papai tranquilo.
Max dormindo. Eu aqui no note. Outro texto saindo. As flores. Ele tá calmo. Setembro. Picanhas. As flores de Angela. As flores de mrs Dalloway....

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Malandro é o gato

          A hora chega para todos, né mesmo? Muitos amigos já receberam o famoso trote telefonico no qual o malandro pede que voce faça um deposito uma vez que sequestrou seu filho, sua filha, sua esposa,seu pai, sua mãe, seu marido, neto, neta.Pessoas queridas nossas. Uma vez malandro sempre malandro. Pergunta se alguem já recebeu o trote dizendo que sequestrou sua sogra? Pois é. 
         Ontem foi a vez do Wilson. Atendeu o telefone e o malandro foi logo dizendo que queria $20.000 reais porque estava com sua filha. Na hora o Negão percebeu que era o famoso trote, do qual eu tambem já fui vitima seis anos atrás e não titubeou foi logo gritando. Eu não tenho dinheiro. Não tenho um tostão. Um tostão furado. No que o homem perguntou por cartão de credito Wilson respondeu : Minha mulher quebrou todos. Quer dizer que o senhor prefere o seu dinheiro do que sua filha? perguntou o homem.
Meu filho pode matar porque eu não tenho filha e meus filhos não são travecos.
O homem colocou o Wilson para falar com a "filha". Pai me salva.... Passa para o homem, diz o Negão. Então faz o depósito ou eu queimo a garota?
Pode dar fim dela e desova no primeiro matagal que achar!
Desliga o telefone e, ainda um pouco agitado, cai na gargalhada contando para mim. Sentindo-se triunfante.
          Quando eu era pequena ouvia as pessoas dizendo assim: É...malandro é o gato. Eu acrescento à fala.
Malandro é o gato que uma vez escaldado da água fria tem medo!
          A todos que leem este texto fica o meu conselho. Não se apavorem logo que receberem este trote.
Considerando que o meu foi ha seis anos atras e que até hoje eles resistem cabe a nós nos defendermos da melhor maneira possivel. Simplesmente desliguem o telefone. Simples assim.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

E porque citei Drumond na última postagem.........

                                                                                      
                                                                                        
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

E porque citei Drumond na última postagem lembrei de como gostava de suas poesias e as do Manoel Bandeira quando era jovem. Mais particularmente quando estudava Letras no Rio de Janeiro.
E porque citei Letras me lembro de como minha mãe amava este poema e recitava todinho de cabeça. E de como ela gostou quando Paulo Diniz musicou o poema em plena ditadura e houve quem duvidasse de sua capacidade para tal e seu sucesso na musicalização do mesmo. Depois Drumond afirmou numa entrevista não  mais conceber seu poema sem  musica.
E porque me lembrei de minha mãe e de Drumond me lembrei com que entusiasmo e perseverança ela juntou dinheiro para me dar um livro de poesias do Drumond. E depois prometeu me dar o do Bandeira.
E porque citei Bandeira me lembro que meu irmão de leite, outro entusiasta das Letras, hoje médico, me deu o livro do Bandeira, o que rendeu umas economias para mamãe..
E porque citei Drumond, Bandeira, Tony e Mamãe (assim com letra maiúscula) fica a pergunta:
E agora José?
José, e agora?



quarta-feira, 4 de maio de 2011

O pior abandono é o abandono auto imposto

                                                                                     

          Houve uma época difícil na vida de Marina em que eu repetia quase que diariamente o pedido: "Não desista de voce, filha."
Hoje me peguei falando algo parecido para outra pessoa que amo. Eu disse: "Não se abandone, por favor. O pior abandono é o abandono de si mesmo!"
Uma coisa é o abandono sofrido quando alguem nos descarta ou falece.....A gente olha para um lado e para o outro e só tem vontade de sair correndo em busca de colo. Ás vezes encontramos, outras vezes não. Buscamos o efemero que um copo de cerveja ou um Lexotan proporcionam e no dia seguinte a dor volta dobrada.
          Já disse em outro texto que o problema com a despedida é que a aceitamos com a cabeça, mas a negamos com o coração. E algo fica martelando..... E se eu ligasse..... E se eu mudasse.... E se.....Mais parecendo Drumond no poema  E agora José?
Em outro texto falei da necessidade de dançar na chuva em vez de esperar a tempestade passar.
Perdas, dores, quem não as tem?
Todos nós.
          Força para ir voltando a nossa rotina ainda que em ritmo lento.... poucos tem. São as pessoas que se perderam pelo outro e, assim não se tem mais como companheiras.
Ora quem mais além de nós mesmos acompanhou cada sucesso e cada derrota. Cada choro e cada gargalhada. Estivemos ali o tempo todo. Foi ou não foi? Para e pensa!
Já bastam aqueles dias difíceis. Quando queremos dormir na vã esperança de esquecer.
Sorte ou competencia nossa chega o dia que a gente se olha no espelho e, sentindo-se abandonado por si mesmo, reagimos. Olhamos firme no espelho e  um brilho nos invade o rosto. Um brilho aconchegante. Nesta hora se olharmos para trás veremos que criamos caudas. Recebemos uma visita especial. É ela que vem, acende a lareira do nosso olhar e nos lembra que restou alguém. Nós mesmos.
          Clariça  Pinkolas em seu livro A ciranda das mulheres sábias nos fala deste colo confortador que as mais viejas nos dão. A time to sit and rock. Sobrou aquela cadeira de balanço para que possamos nos auto embalar com todo o carinho que faríamos a um amigo ou amante.
A cadeira aqui pode ser a nossa cama e um filme legal ou o seriado Brothers and sisters. Ou uma taça de vinho depois de um banho quente. Pode ser uma musica que gostamos tocando baixinho enquanto queimamos um pauzinho de incenso. Ou pode ser escrever, ler e reler muitas vezes uma carta de amor que escrevemos para nós mesmas.
A cadeira aqui é o momento em que tomamos consciencia que podemos ser a protagonista de um final feliz.
Assim escolhi para esta postagem mais uma foto de Henri cartier Bresson (fazer o que se sou sua fá?)
Me recusei a ilustrar o texto com a figura de alguém vendo o outro virar-lhe as costas. Preferi uma foto de alguém  se fazendo companhia. Uma mulher lendo papeis que podem ser o que a gente imaginar. Uma carta ? Não precisamos ver a foto por inteira  para percebermos que existe um cuidado e eu diria até um postura interessante de quem curte sua companhia. De quem se gosta.
Isso não só ajuda mas nos protege porque propoe que sejamos nossos maiores cuidadores. Do jeitinho que faríamos para terceiros.
Fica aqui mais, do que uma sugestão, um apelo. Não nos abandonemos.
A proposta? Eu comigo mesma.
 Juntos como era  no inicio, agora e sempre. Repito__ Ninguém, além de nós mesmos, esteve tão próximo de nós. Esta coisa que, segundo Saramago, há dentro de nós que não tem nome mas que é o que somos.
Viver é aprendizado. Ser feliz é opção e competencia.
Foto de Henri Cartier Bresson

domingo, 1 de maio de 2011

De quando Zé comeu a noivinha com véu e grinalda

          Acho que era o inicio dos anos noventa. A  Bebel, filha da Eunice e do Anibal ia se casar e fomos convidados. Bia e Marina deviam ter nove e doze anos mais ou menos.
A certa altura da festa. Já no finalzinho vejo o movimento de uma senhora passando de mesa em mesa oferecendo algo que ela cuidadosaemnte tirava de uma cesta grande, quase um balaio.
A dita senhora, tia do noivo ou da noiva, conseguiu, apesar do volume de seu corpo, chegar à nossa mesa e pudemos ver o que era. Era doceira famosa em alguma cidade por aí e tinha feito nada mais nada menos que uns docinhos esculpidos que eram o rosto de uma noivinha. Eu particularmente dispensaria lembrancinhas, mas a mulher era uma artista. Os rostinhos eram delicados com feições ligeiramente maquiadas, véu e grinalda de rendinha, que não sei como ela conseguiu fixar ali . Conforme ela ia passando nas mesas entregava tão vaidosa que mais parecia avó exibindo primeiro neto.
As pessoas das mesas teciam comentários que exaltavam a obra de arte.
Zé que vivia aéreo, não escutou a fala da senhora e não estava de óculos pegou o docinho e comeu de uma vez só.
 É...Zé gosta muito de doce.(Quantos doces  encontrados dentro de seu guarda roupas!?)
Bia, Marina e eu ficamos apavoradas com a cena e esperando pelo pior.
Nada. Depois de um tempo perguntamos: Voce comeu? O que? A lembrancinha da festa? Comi? E.... tá tudo bem? Tudo? Pergunta Maroca :E o que voce fez com a rendinha, pai? Que rendinha? A rendinha do doce?  pergunta Bia.
Pai era uma noivinha com véu e grinalda de renda. É mesmo? kkkkk !!!!! Acho que a minha noivinha não tinha essa rendinha., não.
 As tres: É claro que tinha e que voce "dragou" a lembrancinha!!!
 Zé tinha engolido o docinho como se fosse um brigadeiro comum, porque até um beijinho de coco teria o cravo para tirar.
As duas: Pai.... voce é uma draga!
Ele: Que diferença faz comer aqui  ou mais tarde em casa? Do mais a mais ouvi a minha vida toda que era para comer tudo e não deixar nada no prato. kkkkk
Mas custava dar uma sobrevida maior para a noivinha esculpida por horas pela senhora?
          Olho para elas com olhar de compreensão e conto da vez que num bar que se chamava Convés, na antiga Barra da Tijuca, que nem sei se ainda existe, pedimos um cocktail e camarão e que veio servido numa banda de abacaxi. O bar era muito escuro. Daqueles que o garçon vem com uma lanterninha para a gente ver a conta. Pois bem, quando o jato de luz da lanterna rodou por sobre a mesa o prato estava vazio. O que Zé fez com a casca do abacaxi ele não conta.
          Conto de uma outra vez que mamãe inventou de fazer xuxu recheado. Assim fez um terere com a polpa do xuxu e queijo ralado e recolocou nas cascas como barquinhos. Zé aceitou. Quando mamãe começou a retirar os pratos com as casquinhas vazias , percebeu oseu prato vazio e se admirou perguntando: Zé voce não provou o xuxu? No que ele responde : Provei! Muito bom!!! Parece que estou vendo a cara de espanto da mamãe._ Estava com fome, né filho. O almoço atrasou um pouco...
Muitas vezes em um jantar ou outro eu dizia. Zé não tira os óculos para nada, tá?