domingo, 1 de maio de 2011

De quando Zé comeu a noivinha com véu e grinalda

          Acho que era o inicio dos anos noventa. A  Bebel, filha da Eunice e do Anibal ia se casar e fomos convidados. Bia e Marina deviam ter nove e doze anos mais ou menos.
A certa altura da festa. Já no finalzinho vejo o movimento de uma senhora passando de mesa em mesa oferecendo algo que ela cuidadosaemnte tirava de uma cesta grande, quase um balaio.
A dita senhora, tia do noivo ou da noiva, conseguiu, apesar do volume de seu corpo, chegar à nossa mesa e pudemos ver o que era. Era doceira famosa em alguma cidade por aí e tinha feito nada mais nada menos que uns docinhos esculpidos que eram o rosto de uma noivinha. Eu particularmente dispensaria lembrancinhas, mas a mulher era uma artista. Os rostinhos eram delicados com feições ligeiramente maquiadas, véu e grinalda de rendinha, que não sei como ela conseguiu fixar ali . Conforme ela ia passando nas mesas entregava tão vaidosa que mais parecia avó exibindo primeiro neto.
As pessoas das mesas teciam comentários que exaltavam a obra de arte.
Zé que vivia aéreo, não escutou a fala da senhora e não estava de óculos pegou o docinho e comeu de uma vez só.
 É...Zé gosta muito de doce.(Quantos doces  encontrados dentro de seu guarda roupas!?)
Bia, Marina e eu ficamos apavoradas com a cena e esperando pelo pior.
Nada. Depois de um tempo perguntamos: Voce comeu? O que? A lembrancinha da festa? Comi? E.... tá tudo bem? Tudo? Pergunta Maroca :E o que voce fez com a rendinha, pai? Que rendinha? A rendinha do doce?  pergunta Bia.
Pai era uma noivinha com véu e grinalda de renda. É mesmo? kkkkk !!!!! Acho que a minha noivinha não tinha essa rendinha., não.
 As tres: É claro que tinha e que voce "dragou" a lembrancinha!!!
 Zé tinha engolido o docinho como se fosse um brigadeiro comum, porque até um beijinho de coco teria o cravo para tirar.
As duas: Pai.... voce é uma draga!
Ele: Que diferença faz comer aqui  ou mais tarde em casa? Do mais a mais ouvi a minha vida toda que era para comer tudo e não deixar nada no prato. kkkkk
Mas custava dar uma sobrevida maior para a noivinha esculpida por horas pela senhora?
          Olho para elas com olhar de compreensão e conto da vez que num bar que se chamava Convés, na antiga Barra da Tijuca, que nem sei se ainda existe, pedimos um cocktail e camarão e que veio servido numa banda de abacaxi. O bar era muito escuro. Daqueles que o garçon vem com uma lanterninha para a gente ver a conta. Pois bem, quando o jato de luz da lanterna rodou por sobre a mesa o prato estava vazio. O que Zé fez com a casca do abacaxi ele não conta.
          Conto de uma outra vez que mamãe inventou de fazer xuxu recheado. Assim fez um terere com a polpa do xuxu e queijo ralado e recolocou nas cascas como barquinhos. Zé aceitou. Quando mamãe começou a retirar os pratos com as casquinhas vazias , percebeu oseu prato vazio e se admirou perguntando: Zé voce não provou o xuxu? No que ele responde : Provei! Muito bom!!! Parece que estou vendo a cara de espanto da mamãe._ Estava com fome, né filho. O almoço atrasou um pouco...
Muitas vezes em um jantar ou outro eu dizia. Zé não tira os óculos para nada, tá?

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