terça-feira, 25 de maio de 2010

A menina é a mãe da mulher

   
      Agora que voce já não está mais por perto e nada pode preencher o vazio que sinto me surpreendo em ver quanto de voce ficou em mim.
     Com voce aprendi a gostar de Vila Lobos, do Trenzinho Caipira e das Bachianas.Do chorinho Brasileirinho e do Vassourinhas.Das musicas da Piaf, do Chaplin e da Dolores Duran.De Channel e do Gil Brandão.De sentar no escuro e contar casos.De dançar com os Beatles e com Sergio Mendes.De gostar das letras do Chico. de Sá e Guarabira e do contestador Vandré.
     Voce dizia que ser jovem era ver o mundo sem o ranso dos velhos e dos militares.Assim comecei a gostar também da Tropicalha e do Pasquim
     Da lista de mulheres me lembro do nosso entusiasmo por Piaf, Evita, Anita Garibaldi,Leila Diniz, Carmem da Silva , Amalia Rodrigues , Emilia e Tereza,  d. Julieta e  Lelé.
     Paquetá, Saens Penna, Friburgo, Petropolis . Lugares comuns que gostei por ver através dos seus olhos e entusiasmo.  
     Os festivais da Canção, E o vento levou, e os livros. Ah . . . os livros.Khalil Gibran, Zé Mauro de Vasconcelos, Pearl S. Buck , Clarisse Lispector e Umberto Eco.
     Sapato azul marinho , pérolas e echarpes.
     Aprendi que tinha o direito de questionar o professor até que a dúvida calasse. Que numa entrevista eu devia me lembrar que o medo é só uma ilusão. Aprendi a ter um caderninho para escrever minhas ¨coisas.¨ A questionar os dogmas e ir fundo na busca do que fosse. De tomar café nas padarias, habito que cultivo até os dias de hoje. De gostar de cachorro, de andar de trem e de brincar carnaval. De torcer pelo Brasil nas copas porque voce achava que Deus era brasileiro  durante os jogos. De  ter fé na vida e nas pessoas. De gostar de ir a formaturas e ouvir o hino nacional emocionada. Parece que a vejo em cada formatura que vou.
      Estive pensando que aquilo que não nos mata nos fortalece. Quase consigo ouvir voce me me incentivando:  "bola pra frente, filha". Segue  em frente. E de preferencia cantando e de cabeça em pé!
       To tentando. . . . .
       Por dever e por amor a voce, mãe.
  

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