terça-feira, 25 de maio de 2010

A Madrinha

          
    Desde muito pequena admirei verdadeiramente minha madrinha. Lembro-me de ouvir as pessoas dizerem que madrinha era a nossa segunda mãe.
Tive a sorte de terem escolhido para ser minha madrinha a irmã de minha mãe, que geralmente são muito chegadas a nós.
       Quando criança me lembro de no natal ganhar muitos presentes. Dela levando eu e meu irmão na SLOPPER no centro do Rio para comprar os nossos brinquedos.
Lembro-me dela perfumada,bonita e elegante.
        Conversávamos muito: conforme fui ficando mocinha conversou comigo sobre aquelas coisas de mulher e me levava ao cabelereiro ou me punha bobs com cerveja no cabelo.Era solteira e independente e eu achava isto o máximo. Queria ser como ela.
         Aos dezesseis anos me falou de livros de auto-ajuda e de la para ca nao parei mais de le-los.
        Aos 18 anos me ensinou datilografia e quando pensei em trabalhar deu um curso pratico de como me comportar no mundo adulto.Desde a roupa apropriada para uma entrevista até como sentar com sapatos de salto nas reuniões da empresa.
       Cresci,casei e mudei e com isto me distanciei dela, pois mudei de cidade tambem
       O que eu não poderia imaginar era que aos 52 anos apos me tornar a avó pela primeira vez ainda fosse conviver com ela de maneira tão próxima novamente.
        Nestas épocas ambas de nós sofreram perdas insepáraveis. Ela perdeu a irmã e a mãe e eu a mãe e a avó que eu tanto amava.Choramos juntas, sobrevivemos!
       Foi nesta época que minha fé na validade da vida ficou tão abalada que até acordar era dificil para mim.Pra que?Por que?Não fazia mais sentido.
       Minha neta havia nascido um mês antes e o que mais eu ouvia dela era que eu tinha minha neta e que tudo ia se resolver. Lembro-me de pedir a ela que fizesse o papel de bisavó de Amanda, a neta.
       Após a morte de minha mãe e minha avó as coisas para nós pioraram muito. Meu pai foi internado numa clínica e a casa que era deles foi saqueada.
       Ela realmente acreditou e apostou que eu seria capaz de reescrever a história da casa. Meses depois fomos todos passar o mês de janeiro juntos.
       Ali eu percebi mais uma vez como a vida é sábia e como o amor é a melhor escola.
       Quando fiz biodança me tocava muito uma vivencia de reforço de identidade onde o grupo chama baixinho nosso nome.Nessas férias houve um dia em que Amanda levantou bem cedo e foi andando pela casa. Seguia-a . Ouviamos uma voz lá longe chamando seu nome muito baixinho. Um carinho.
       Amanda andava procurando até que encontrou o quarto onde a madrinha estava dormindo. Aquele chamado parecia ter a intençao de ninar minha neta. Não sei se ela tem consciencia, mas, ali ela facilitou a primeira vivência de biodança de minha neta. Parei à porta e vi que se abraçavam.
       Tomara que um dia Amanda se lembre disso, porque o amor que permeia as verdadeiras relaçoes podem nos gratificar e ensinar muito. É  a vida que segue oportunizando novos papeis , novas funções , novos amores.

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