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O potencial de expansão da consciência que experimento enquanto pinto é ilimitado. Somos todos mestres e discípulos quando se trata de abrirmos a porta da plena realização que está dentro de cada um de nós. Tinta e pincel são para mim companheiros nesta jornada. Aprendiz das letras estendo este espaço para homenagear a cantadora de histórias que há em mim. São casos, reflexões, desabafos,inquietações e outras bobagens. Quase um almanaque. Posso ver os camelos se ajoelhando!
sexta-feira, 28 de maio de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Luzia Galo (a lenda)
Luzia era uma dessas personagens folclóricas que, depois de morta ,se tornam lendas. Aos cinco anos já amamentava jumento e corria atrás das galinhas de sua avó. Aos dez era mais macho do que muitos dos meninos com quem brincava.
Assim que a natureza a abençoou com suas regras já despertou para as coisas. Bastava um homem a olhar com mais atenção e nove meses depois Luzia se surpreendia com um bebe nos braços e cara de espanto. A prática logo a tornou parteira e benzedeira .
Capava bicho e matava frango como quem bebe água na fonte. Bonita e sarada a galega arrasava corações. De baton vermelho e flor nos cabelos mais parecia personagem do Garcia Marques.
Certa vez ao ser mordida por cobra mascou fumo como antídoto e esqueceu o acontecido.
Era conhecida por coar um delicioso café em suas calcinhas.
Aos quarenta anos foi participar de um festejo em Lago Alegre .. Ia em sua carroça tão empolgada que o cavalo disparou e a coitada caiu.Não pensou duas vezes, abandonou o transporte na beira da estrada e deu asas às pernas. Chegou, claro, ao seu destino sã e salva.
Dizem que aos noventa anos conheceu Sebastião Gouveia que logo veio a se tornar seu quinto marido. Como já não estava bem das vistas colocou uma agulha em um dos morões da cerca e, a noite, quando ele vinha chegando gritou lá da varanda que ele tirasse a agulha que estava vendo de longe.
Gostava de aguardente e por isso tinha roça de cana ou, tinha roça de cana porque gostava de aguardente.
Contou me seu neto, que Luzia tinha um galo que a emocionava toda vez que cantava, pois tinha feito um trato com Deus pedindo-lhe que morresse quando um galo cantasse. Sinples assim. Bem natural. Lenda ou verdade, conta-se que um dia ao ouvir o galo desencadeou febre altíssima e no próximo canto fez sua passagem "desta para melhor" com todo o povoado prestando-lhe uma última oração.
Desde então dizem que toda vez que o galo canta antes do dia clarear pode-se ver uma luzinha subindo ao céu. Há quem afirme que ,graças a Deus, que fez sua vontade. Ao chegar ao céu, Luzia montou um altar/galinheiro de telas brancas com letreiro e tudo .
Uma alma penada me contou que toda vez que morre um galo o mesmo sobe direto pro céu e se hospeda num belo galinheiro que tem uma placa com o nome LUZIA GALO. E, logo abaixo , outra com os dizeres: Autoridade celestial.
terça-feira, 25 de maio de 2010
A menina é a mãe da mulher
Agora que voce já não está mais por perto e nada pode preencher o vazio que sinto me surpreendo em ver quanto de voce ficou em mim.
Com voce aprendi a gostar de Vila Lobos, do Trenzinho Caipira e das Bachianas.Do chorinho Brasileirinho e do Vassourinhas.Das musicas da Piaf, do Chaplin e da Dolores Duran.De Channel e do Gil Brandão.De sentar no escuro e contar casos.De dançar com os Beatles e com Sergio Mendes.De gostar das letras do Chico. de Sá e Guarabira e do contestador Vandré.
Voce dizia que ser jovem era ver o mundo sem o ranso dos velhos e dos militares.Assim comecei a gostar também da Tropicalha e do Pasquim
Da lista de mulheres me lembro do nosso entusiasmo por Piaf, Evita, Anita Garibaldi,Leila Diniz, Carmem da Silva , Amalia Rodrigues , Emilia e Tereza, d. Julieta e Lelé.
Paquetá, Saens Penna, Friburgo, Petropolis . Lugares comuns que gostei por ver através dos seus olhos e entusiasmo.
Os festivais da Canção, E o vento levou, e os livros. Ah . . . os livros.Khalil Gibran, Zé Mauro de Vasconcelos, Pearl S. Buck , Clarisse Lispector e Umberto Eco.
Sapato azul marinho , pérolas e echarpes.
Aprendi que tinha o direito de questionar o professor até que a dúvida calasse. Que numa entrevista eu devia me lembrar que o medo é só uma ilusão. Aprendi a ter um caderninho para escrever minhas ¨coisas.¨ A questionar os dogmas e ir fundo na busca do que fosse. De tomar café nas padarias, habito que cultivo até os dias de hoje. De gostar de cachorro, de andar de trem e de brincar carnaval. De torcer pelo Brasil nas copas porque voce achava que Deus era brasileiro durante os jogos. De ter fé na vida e nas pessoas. De gostar de ir a formaturas e ouvir o hino nacional emocionada. Parece que a vejo em cada formatura que vou.
Estive pensando que aquilo que não nos mata nos fortalece. Quase consigo ouvir voce me me incentivando: "bola pra frente, filha". Segue em frente. E de preferencia cantando e de cabeça em pé!
To tentando. . . . .
Por dever e por amor a voce, mãe.
To tentando. . . . .
Por dever e por amor a voce, mãe.
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