domingo, 12 de dezembro de 2010

Uma cigana do Maranhão

"Sou do riso e do mar" me disse ela certa vez. Tenho sangue de cigana. Meu nome é Risomar.
Risomar Waquim, a mestra. Sim porque sempre tem um conselho para nos dar sobre o viver.
Mãe de quatro filhos homens, um deles meu amigo, e mais uns agregados pode ser considerada uma figura lendária no Maranhão.
Amiga dos Sarneys, amante da pintura, cozinheira, rezadeira,  caridosa e , antes de tudo, uma mulher forte.
Dia desses reencontro com ela na festa de aniversário de seu filho Jorge. O sexagenário mais sexy de Brasília. Sua mulher que não me ouça! Reencontrá-la é sempre motivo para rir e brindar a vida. Sabe aquele sentimento de se sentir inteira? É o que acontece nestes encontros. Como se a presença dela nos  fortalecesse um pouco.
Conversávamos sobre as pingas que aprecia, sobre filhos, netos e bisnetos animadamente. Porque não dize-lo rindo até chorar  e manchar a maquiagem.
Em certo momento da festa ela nos conta da vez que bateu num moço em sua casa. Se lamentava de não ter batido mais. O motivo? Ter o mancebo abusado da confiança de sua agregada.
Tem porte de arma. Como confirmou seu filho Elias  ela tem um 38 e um 22. Sem contar com o arpão de arraia que leva consigo camuflada na roupa para qualquer necessidade atróz.
Contava ela que anos atrás pegou um taxi no Maranhão e percebeu que o motorista estava dando voltas a fim de fazer com que a corrida rendesse mais.
Não teve dúvida desembainhou a dita arma e passou levemente pelo pescoço do motorista dizendo..." agora deixa de enrolação e vai direto para o endereço, doçura". Segundo ela o pobre homem de repente começou a suar frio, mas rapidamente chegou no endereço solicitado anteriormente.
Conta das vezes que cozinhou para ministros e gente famosa. Conta das peixadas que fez na vida, dos pobres que ajudou e da fé inabalável que tem na vida, da necessidade de terrmos juizo.Conta dos cinco ultimos anos que conviveu com o Alzheimer do marido e de como emagreceu vinte quilos nesta luta. Relembra a mudinha de louro que minha mãe fez para ela certa vez no sítio e se emociona ao dizer que me conhece há mais de trinta anos.
Ia me esquecendo. Quando na festa cheguei deparei logo com ela e sentei em sua mesa  beijando-a e dizendo-lhe que estava me sentindo uma dama naquele lugar tão requintado.
Automaticamente sinto que ela me puxa os dois braços e me olha como se quisesse me aterrizar um pouco e diz ... "Voce é uma dama!" e pede que eu nunca me esqueça disso. Na hora até concordo com ela, sei não. Mas fica uma sensação de ser  apenas um projeto de  dama, uma vez que dama, dama mesmo? É ela!
Dona Risomar Waquim. Minha velha amiga que tanto é riso como é mar.

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