quinta-feira, 16 de julho de 2020

Transplante do coração




   



                    lendo o livro O carrasco do amor de Irvin Yalom me deparei com a expressão " Transplante do coração" sendo usada para se referir à Terapia. 
Pensando um pouco sobre a angustia existencial que tenho sentido me  pego questionando até quando vou culpar a viuvez, a pandemia, o envelhecer e tantas desculpas que tenho dado para o sentimento, que, nada mais é do que a falta de controle.Ou impossibilidade exercer este controle.
Sim. Desde que me entendo por gente que tento controlar tudo, desde uma receita até o que fazer numa viagem . Fiz 10 anos de yoga  mas não logrei diminuir o controle.
Com a velhice dando as caras fico tentando prever o futuro e a possível dor que ele pode me trazer em relação à morte. Energia gasta à toa. Seja o que for o que o futuro me reserve eu não poderei muda-lo.
Assim o medo do futuro, da morte, da pandemia, e tantos outros me apontam o dedo tentando me dizer.  Você naõ tem controle!.
Durante a vida tive muitas vezes que tomar a frente segurando barras como: acabar de criar as filhas, a morte de minha mão, a casa de Itaipava, a internação de meu pai, sua morte Todas estas situações de vida me fizeram controlar ainda mais as coisas para que nada desse errado. Não deixa de ser uma ilusão.
Uma vez aposentada e viúva sobra tempo para pensar e arquitetar modos de controle. 
                 Mas se tudo começa , termina e vive dentro de nós não cabe aqui apontar dedos.
O que está ruim no presente me pergunta a terapeuta? Silencio. Vago a varrer a memória, mas chego a conclusão que preciso trabalhar não os outros ou as situações de vida, mas entender que já que não devo continuar tentando controlar minha vida poderia ter mais leveza neste envelhecer, que é um fato e um fardo.
Voltando ao titulo da postagem entendi que no caso da terapia o transplante do coração seria exatamente tentar tirar do coração os sentimentos que nos enganam, as falsas verdades . A terapia é um farol que nos mostra que somos os personagens e os expectadores de nossas vidas.
Saber então, que depende de mim e não do que me cerca me traz compromisso e um sentimento de capacidade de mudar minha vida. Sinto que depois deste insight já não poderei mais fugir de mim e se sou eu que estou fazendo confusões que me maltratam encarar a vida com mais leveza.
Estou disposta a ir ao meu encontro para que meu presente seja mais agradável ou menos doído. Afinal sempre há uma esperança!

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