quarta-feira, 2 de maio de 2012

Onde tudo acaba em festa

          Nasci numa família festeira que gosta do"Chame gente". Logo, desde sempre convivi com pessoas de idades variadas em festas seja onde fossem. Alguém ia viajar a gente fazia um bota fora.
          Minha avó tinha uma tal de uma feijoada que ela chamava de Feijoada do seu Peru onde os dez amigos mais intimos não perdiam. A feijoada era itinerante, mas algumas vezes foi na nossa casa. Era um bando de velhos fantasiados com as mais diversas fantasias. Pedrita, Pierrot, Melindrosa e Palhacos se espalhavam no nosso jardim.
Uma das amigas da minha avó era muito criativa e inventava as próprias fantasias. Uma vez se vestiu de "Quem quer casar com dona Baratinha que tem dinheiro na caixinha". Vale ressaltar que ela esperava encontrar um namorado e creio que na caixinha dela tinha mesmo dinheiro. Uma piada! Ela tinha uma neta dois anos mais velha do que eu, a Manu.
          Minha dinda quando precisava levantar uma grana cozinhava para as pessoas. Assim... mesmo se não fosse aniversário de ninguém de vez em quando aparecia um grupo para comer da comida dela e, é claro, virava uma festa.
          Minha mãe gostava de festa com garçon. Quem não gosta, né mesmo? Muito bem. Meu avô Negão foi do Exercito e tinha trabalhado com um garçon competente à beça chamado, nada mais nada menos, que Jesus.
A primeira vez que ele foi a nossa casa quando tocou a campainha minha avó disse... Deve ser o Jesus! ao que eu perguntei... Mas ele não morreu e está no céu? Eu tinha cinco anos e meus pais tentavam incutir um pouco de religiosidade na gente.
Mas, voltando ao Jesus, este foi o primeiro homem que me serviu um drink socialmente. Ele estava servindo as pessoas e estendeu a bandeja para mim com um copinho servido de suco ( minha mãe não me deixava beber coca cola alegando pouca idade) e um guardanapinho dobrado como um triangulo que eu me peguei surpresa , mas que me envaideceu muito. Me senti adulta. Ameeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei!
          Nas festas de natal meu pai, magro e sarado, se vestia de Papai Noel e colocava uns óculos escuros para tentar se esconder para que nós não o reconhecesemos. Me nego a crer que fosse uma versão tropical do Santa! Mas o mais animado do natal era o amigo oculto. Muito riso. Voce escolhia um presente e se não gostasse roubava um de alguem que já tivesse pego antes de voce. O que resultava em sorte para uns e azar para tantos outros.
Na Páscoa a gente procurava pelo coelhinho, mas ele nunca foi visto. Só os ovos ( não se pode ter tudo!). Dizem que os coelhos correm muito!!!
Na noite de Ano Novo tinha uma história de que um velhinho iria se despedir e iria chegar um bebe. Nenhum dos dois conseguiu chegar a minha casa uma vez se quer.
Chá de panela, chá de fralda, chá de casa nova.... Chá mesmo, a bebida, ninguem tomava. Mas era uma festa!!!
Minha madrinha aos trinta anos comemorou seu aniversário num restaurante. Os convidados foram fantasiados. Já a minha avó comemorou um de seus aniversários numa pousada. Mas não pareceu festa. Não como a gente estava acostumado.
Nas festas minha mãe caprichava na aparencia das empregadas. E teve até um ano que a babá se fantasiou numa das feijoadas da minha avó. E a Lilia ou a Luciana colocavam umas perucas da minha avó.
Dizem que aqui no Brasil tudo acaba em Pizza. É uma maneira de dizer que por maior que seja o problema o povo esquece comendo Pizza, o que mostra que o brasileiro tem fé na vida. 
Eu diria que na minha familia tudo acaba em comemoração. E, como a familia é grande acaba em festa.
É isso!!!
PS: Este texto é um rascunho de uma  provavel futura conversa. Ou ... não. Talvez nunca aconteça ou aconteça de maneira diferente. Tentei imaginar uma de minhas netas falando sobre suas infancias festivas.
Tim Tim!!!


Nenhum comentário:

Postar um comentário