domingo, 20 de novembro de 2011

A força do feminino

          Sabemos que o cuidar é uma atitude feminina.
          Em mais um dos almoços na casa de Conceição e Roberto pudemos testemunhar o que a força de uma frágil mulher é capaz de fazer.
          Como íamos cozinhar eu e Marina fomos cedo para a Concita. Papai e Wilson iriam mais tarde.
Papai com 80 anos caminha devagar e inseguro por não estar enxergando cem por cento. Estávamos cozinhando na cozinha de onde se tem  a vista para o pátio da casa. Vi quando Wilson parou o carro e me lembro de ficar apreensiva de assistir a dificuldade de papai sair do carro por si só.
Porém Dagmar, a mãe de Roberto, uma alemã magrinha e pequena de mais de oitenta anos se dirigiu para papai e ajudou-o a saltar com a dignidade que lhe foi possível a estas alturas da vida.
          Quando levantamos os olhos das panelas vimos que os dois vinham descendo a rampa feita de pedras e gramado. Me lembro de Marina exclamando: " Meu Deus! Olha aquilo! Vão cair os dois "!
          Dagmar tem cuidadora 24 horas por dia, mas naquele momento ela era a cuidadora. Não só apoiava papai como decidiu mostrar-lhe o jardim e as flores. Segurou seu braço com firmeza e disse a ele: Se voce cair eu te levanto. Uma atitude que aos olhos de um alemão poderíamos chamar de "trivial"!
Fiquei olhando os dois e, mamãe que me perdoe lá do céu, mas pensei.... Ah se papai tivesse alguém por ele!!!
Pensava em alguém como uma companheira. Alguém que não fosse uma profissional, apenas... uma mulher de boa vontade.
          Em uníssono todos sugeriram que pegássemos as máquinas fotográficas para fotografar o " casal " em, digamos, sua luta pela integridade. Máquinas em punho, fotografamos daqui e dali. Quando já retornavam  da voltinha brinquei e falei : sorriam quero uma foto do casal! Ao que Dagmar respondeu com firmeza: " Não! Isso não! Não quero um homem velho! ( ao que me consta papai é mais moço que ela) Risos. Lamentamos por ver que o que pensavamos ser  um affair não passava de solidariedade.
Voltamos nossa atenção para os preparativos do almoço.
Momentos depois a alemanzinha de aparencia frágil me chamou no canto e me veio com a seguinte frase:
Desculpe mas não gosto de homens velhos! Risos again...
Moral da história: o cuidar feminino  não passa pela intenção amorosa. É nato e deve ser visto como algo natural.
 Depois os dois foram para a varanda, Dag o colocou sentado e conversaram assuntos triviais.
Pronto! Sua missão estava concluída! Simples assim.
Vivendo e aprendendo.

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