sábado, 4 de junho de 2011

Na busca da medida exata ( Eu não me alcanço! )

          Tenho a arte como companheira. Se estou triste ou ansiosa o pincel me devolve a tanquilidade e a leveza no coração.
          Pois bem. Me foi encomendado uma tela de um cavalo. Gosto do expressionismo alemão e pus mãos à obra (literalmente). Me agrada a figura; mas prefiro que  esteja fracionada na tela. Como se saisse dos limites da mesma.
          Dizem que o artista se mostra no traço. Não tenho duvidas quanto a isto. E vou mais longe acreditando que nas cores também.
Assim... pensando na minha amiga liguei o som ouvindo o CD ( Enchantment ) que gosto muito e pus me a trabalhar.
E a arte foi acontecendo assim meio que psicopintada.
Uma vez pronta coloquei-a na parede e fui sentar de frente para ela. Uma maneira de apreciar o todo. Ou... na viciante busca da perfeição, procurar defeitos.
Procuro ter a  arte como um reflexo da ancia que tenho de explorar meus espaços e.... tentar ocupa-los.
Pois bem. Tela pronta, algo me incomodava. Peguei o livro de um amigo e li um pouco tentando tirar a atenção da dita.
De repente levantei os olhos para o trabalho e o incomodo acenou para mim.
Num dos cantos o cavalo não saia dos limites. Não tinha movimento. Não parecia majestoso. Talvez a força que o academico exerce sobre nós me controlara mais uma vez.
Paradoxalmente quando estava inteiro  não tinha força. Retocado ele passou a completar-se ainda que "amputado" (!?)
O recado que meu trabalho me dava era que em algumas ocasiões estaremos tão e somente inteiros.... se fracionados.
Me vem  a imagem do oceano. Dificil  ve-lo por inteiro. Mas o fato de vermos parte dele não faz com que deixe de ser oceano, causando em nós o sentimento de profunda reverencia à sua majestade.
Ainda outro dia dizia para uma amiga que na próxima vez que for para o meu sitio em Itaipava vou fazer uma bromelia na parede da varanda.
Espalharme-me. É como se minha arte/alma quisesse sair do espaço limitado de uma tela e ganhar as paredes...o mundo.
Isso me lembra Clarice Lispector e me permito terminar este texto sitando-a.
"Estou infinitamente maior que eu mesma... Eu não me alcanço"
                                                                             

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