sábado, 2 de agosto de 2014

Eu tinha medo de ter medo. ou (Quando a mascara adere.)



                                                                       

           Desde cedo tive medo.
Quando achava que o céu era perto já tinha medo de me perder da minha mãe, do escuro, de fantasma, das sombras que as cortinas projetavam nas paredes do meu quarto e de que as minhas bonecas caçoassem de mim durante a noite.
Fiquei adolescente e os medos continuaram a ser meus companheiros por um bom tempo.
Claro que eles não me impediram de tocar a vida e seguir em frente. Sempre fui responsável e não dava para brincar.
Casei aos 23 anos e quando meu marido viajava uma amiga vinha dormir comigo. Não era medo de ladrão, mas de fantasmas. Ora vejam só!!!
           Separei e precisava passar força e coragem para as filhas e para a sociedade. Pobre de mim!
          Assim criei máscaras e menti tão bem para mim mesma que consegui me convencer e convencer os outros.
          Meu segundo marido não acreditava quando eu dizia que nunca tinha tido medo de nada.
Ora, eu olhava para trás e via que tinha construido muito, logo concluia que eu tinha sido uma heroina-guerreira-maluca-qualquer para ter dado conta de tanta coisa.
          Chorei muito na vida, mas sempre menos do que precisava ter chorado. Percebo isso na Bio, lugar onde me permito estar sempre com lenços de papel à mão.
          Choro antigo, velho, ultrapassado.

         A idade veio chegando e eu fui temendo mais as coisas da vida, tipo a solidão, a orfandade, a velhice, o envelhecer, os perigos da vida atual e bla bla bla.
           Tenho bons ombros. Amigos que volta e meia me puxam pra cima como se dissessem_ Parou por que? Booooooooooooooooora!!!
           Ombros das filhas, dos amigos, do Negão e, claro das terapeutas que incansavelmente me prestam serviços.
A Marcielma porém é diferente. Ela não cobra por suas dicas e não imagina a fortuna que poderia cobrar. Sabe aquela amiga que chega na hora certa e fala por alguém? Acho que ela fala por alguem. Meu anjo, minha mão já falecida, meu pai , pela vida mesmo ou pelo meu inconsciente cagão.
          Numa maratona da escola de Bio eu dizia a ela que ando apavorada de ver o tanto que estou ficando medroza e da mascara que vesti tanto tempo de Fortaleza Imbatível. Ela me deu um abraço e baixinho no meu ouvido veio com esta: Voce tinha medo de ter medo.
Olhei para ela e pensei: Preciso saber sua conta bancaria porque estou em debito com ela e tenho medo de dever aos outros.( Mais um medo para a coleção).
 Que absurdo!!! Estou passando por um momento de revelação. A cada dia um medo aparece.
Aparece? Não. Reaparece!
A cada Projeto Minotauro que faço mando alguns medos às favas, mas se dobro a esquina?
Ai meu Deus um novo aparece e lá sigo eu de cabeça baixa rezando para saber enfrentá-lo ou ter condição de correr bastante sem cansar.
Dedico este texto à Marciela Leão, minha amiga, irmã, confidente e por que não dizer.... BRUXA!!!

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