Deixo a clinica onde Ximbica está hospitalizada há tres dias e pego a estrada de volta para casa. Ligo o rádio e está tocando a música Secrets of Philadelphia, ela mesma. A do filme, belíssimo por sinal. A musica fala de dor e abandono, medo e perplexidade. Neste momento decido que vou chegar em casa e escrever algo.
Ximbica é uma Fox Paulistinha. A cadela mais dócil que já se viu. E uma guerreira. Ganhei Ximbica ja fazem dez anos e levei para a mamãe em Itaipava. Com mamãe ela se tornou uma Lady. Doce e obediente, diferente do Tixo, seu irmão que hoje é da Bia.
Mamãe faleceu só com ela em casa e me contaram que ela não deixava o pessoal chegar perto. Sofreu, a coitada. Marina a trouxe para Brasília e ela tem sido sua companheira desde então. Já se vão seis anos.
No ano passado Ximbica esteve internada por uma semana. Descobriram um cancer avançado e retiraram um de seus rins. Sobreviveu a trancos e barrancos vomitando dia sim dia não.
No final de semana passado Ximbica não levantava mais. Marina levou a para a Clínica onde estão tentando tirá-la do quadro de quase falencia do outro rim.
A medica nos diz que quarenta por cento do rim é uma pedra. A questão não é se ela vai ou não sobreviver. Ainda que sobreviva terá que ser acompanhada periodicamente. A questão é..... Quanta força pode ter esta cadelinha que é tão doce quanto valente?
Ela nos olha profundamente. Um olhar cheio de dignidade. Apenas se percebe o medo que sente porque as vezes os olhos aumentam de tamanho, como acontece quando eles, os cães, se sentem ameaçados.
Olho para ela e digo a ela que a amo desde o dia que ela chegou para mim naquela caixinha de sapatos Orthopé. Uma marca de sapatos infantis. Ela parece dizer que sabe disso. Não é viagem minha. Juro!
Procuro massagea-la carinhosamente repetindo quantas vezes for preciso o meu amor por ela.
Uma das taxas que tem como numero de referencia 40 estava a 1020 quando ela chegou na clinica. O segundo exame já mostrou que desceu para 320. Durante a visita de ontem ela mostrava que queria chegar mais perto e quando eu peguei o celular para fotografá-la ela se ajeitou numa pose que sempre faz. Detalhe: Quando chegamos lá ela estava distante e totalmente estirada no colchaõzinho.
Hoje o quadro já não foi mais tão leve. Estava com soro, alimentação pelo focinho e usava um colar Elizabetano para que ela não tentasse tirar os tubos como vinha fazendo.
Já não é mais ela que meus olhos veem e sim uma Highlander, como bem disse a dra Katiane.
Falo mais uma vez para ela do meu amor que será incondicional ainda que ela não suporte mais as dores e queira ir.
A letra da musica diz não ver anjos esperando por ele e choro pedindo a Deus que ela não sinta o abandono que a letra fala quando não estamos por lá.
Marina diz que quando ela se for não vai mais querer se apegar a cãozinho algum. Pergunto... Mas e os dez anos que ela nos trouxe tanta alegria e docilidade? Não valeram?
Valeram sim. E muito. Temos medo da perda. E sabemos que a dor dela é maior que a nossa pois é fisica, emocional e apavorante.
Peço a Deus que a passagem dela seja indolor e que ela se vá sentindo todo o amor que ela mereceu e merece em seu coraçãozinho.
Que os anjos a recebam . Ximbica, nossa highlander.
Dois dias depois
Na sexta feira uma parada respiratória levou Ximbica de nós.
Foi um dia triste " pra cachorro"!!!
Pela manhã Marina foi ve-la e ela brincou um pouco. Deitou a cabeça na perna de Marina e ouviu desta que se ela estivesse cansada demais podia ir desde que fosse se sentindo amada.
havia uma possibilidade que ela viesse para casa no final de semana. Mais tarde fui ve-la com o Wilson e ela ainda respondeu um pouco a nossos afetos. Muito pouco. A tarde uma nova radiografia descartou a possibilidade de vir para o final de semana.
Diseram-nos que ela andou pela clinica livre dos tubos, fez coco, se alimentou e foi brincar de cavucar o chão, como sempre fazia.
E brincando.........
Penso que ela teve na visita de Marina a visita do anjo que eu pedi acima. Marina foi a pessoa que ela mais amou depois de mamãe.
Tanto com mamãe como com Marina ela conversava com o olhar.
Amanhã, dia 30 de Maio será cremada no Paraíso Animal.
Afinal..... os Highlanders costumavam ser cremados.
Preciso acreditar que a estas horas ela está feliz e sem dor embora não possamos testemunhar o fato.
O sentimento que me vem é de desolação por não poder abraçar o inabraçável.
Como diz a musica.... to touch the untouchable sky.
Dois dias depois
Na sexta feira uma parada respiratória levou Ximbica de nós.
Foi um dia triste " pra cachorro"!!!
Pela manhã Marina foi ve-la e ela brincou um pouco. Deitou a cabeça na perna de Marina e ouviu desta que se ela estivesse cansada demais podia ir desde que fosse se sentindo amada.
havia uma possibilidade que ela viesse para casa no final de semana. Mais tarde fui ve-la com o Wilson e ela ainda respondeu um pouco a nossos afetos. Muito pouco. A tarde uma nova radiografia descartou a possibilidade de vir para o final de semana.
Diseram-nos que ela andou pela clinica livre dos tubos, fez coco, se alimentou e foi brincar de cavucar o chão, como sempre fazia.
E brincando.........
Penso que ela teve na visita de Marina a visita do anjo que eu pedi acima. Marina foi a pessoa que ela mais amou depois de mamãe.
Tanto com mamãe como com Marina ela conversava com o olhar.
Amanhã, dia 30 de Maio será cremada no Paraíso Animal.
Afinal..... os Highlanders costumavam ser cremados.
Preciso acreditar que a estas horas ela está feliz e sem dor embora não possamos testemunhar o fato.
O sentimento que me vem é de desolação por não poder abraçar o inabraçável.
Como diz a musica.... to touch the untouchable sky.