Essa busca de si próprio parece não nos deixar nunca. Em terapia gosto muito de comentar e escarafunchar meus sonhos. Eles me revelam e claramente entendo o meu momento. Dia desses analisávamos um de meus recentes sonhos e mais uma vez me percebi buscando a mim mesma.
Sim. Cada vez que algo significante muda em nossas vidas partimos em busca de nós mesmos again e again.
Depois que Wilson se foi mais um conceito passou a fazer parte de minha historia. Viúva. Já fui filha, neta, mãe, irmã, sobrinha, professora, namorada, esposa, etc...
Hoje quando penso em minha identidade percebo que sou: mãe, avó, sogra, viúva, amiga, paciente, buscadora. A vida é dinamica e cada hora uma carapuça nos serve; o que vai nos guiando vida a fora.
Aqui e acolá comento algo com Bia, com Vera, com uma amiga. Nesses novos tempos de viuvez tenho buscado um pouco do meu passado. Meus primos, primas, colegas de infância e mocidade. Não tinha entendido o movimento até que Bia pontuou que eu estava fazendo uma busca da Angela lá de tras. Antes de Zé, de Bia, de Marina, de Wilson. A Angela prima da Ro, da outra Ro, do Roberto, do Paulo, da Nely da Maria Alice e outros. Também tenho buscado as tias. Hoje apenas duas. Uma por parte do pai outra por parte da mãe.
Tenho um corredor de fotos antigas no meu corredor onde posso ver e acompanhar minha historia. E cada dia a parede mostra mais uma foto. Um namorado de juventude, uma tia distante, netos do Wilson.
É uma busca gostosa, me parece. Pessoas que me dão noticias de mim e que me lembram que houve tempo em que pensávamos que o céu era perto JUNTOS ! Ou seja temos historias, liga, coisas em comum.
Este texto aconteceu depois de trabalhar um sonho onde eu colocava meu cpf e vinha uma quantidade enorme de folhas p imprimir. Folhas embaralhadas. Um dossie. Ficou claro o texto? Ainda nos sonho queria tirar uma foto com minha mae e meu pai e eles não estavam. Aí... Eureka! chegamos a este emaranhado de vidas e de identidades que a gente tem, ja teve ou terá enquanto vivermos.
E a busca continua. Tem dias que sinto falta de ser filha, outros de ser esposa. Uma grande colcha de retalho ou como diria uma bruxa... Um caldeirão de personalidades, emoções e momentos vividos. Um brinde a todo este dossie que eu não conseguia organizar no sonho e me frustrava e pela noa vontade de rever o sonho com Raquel. Minha gratidão por cada riso ou lagrima caída em terapia porque entender-se pode ser consolador e muito rico para nossa alma e para aceitação de cada fase da vida com clareza e reverência.