quarta-feira, 30 de março de 2011

Portas de saída desse caos instalado

          Ana, aquela minha amiga que é a reencarnação de Vasaliza, a sabida. A bruxa das vassouras escreveu esta frase em seu blog num texto onde ela divulgava trabalhos de um salão de artes de Uberlandia, se não me engano.
Mas porque a frase teve tanto impacto em mim?  fico me perguntando.
Sabido é que a arte é um , se não o maior dos caminhos para se alcançar Deus. E quando me atrevo em falar de Deus aqui, sob pena de ser questionada ou vaiada, quero falar do "reino dos céus" tão almejado por todos nós.
O reino dos céus!!! Segundo Leonardo Boff aquele momento em que tudo está bem dentro de nós e então se estende para o externo. Aquela bem aventurança que o Dalai lama tanto nos aponta através da entrega ,do sossegar-se, da meditação. AUMMMMM.  O vazio pleno que é base do budismo e que Marconi tanto insiste conosco.
Talvez a frase tenha me chamado a atenção por ser inteligente e esclarecedora demais para mim neste momento. Digamos que estou num momento de vida, delicado. Muitas coisas na cabeça , tentando viver cada dia de uma vez e correndo atrás do prejuízo nas horas vagas. E, não é que me pego arrumando um tempinho para pintar? Sim. Para pintar. Ou para estar aqui com este meu amiguinho colocando a cabeça para fora da tal porta de saída. Venho de uma família de mulheres talentosas. Na minha familia as mulheres, trabalhavam, tocavam piano, bordavam,costuravam, reformavam, crochetava, tricotavam, forravam bolsas e sapatos para o próximo casamento, repaginavam móveis em D'capê, forravam caixinhas , montavam abat jours, cobriam as janelas com cortinas novas de tres em tres anos e faziam seus biscoitos ,presentes e  enfeites de natal. Muitas vezes fui com minha avó ofertar um pote de biscoitos ou compota num vidrinho comum enfeitado com um retalhinho de pano na tampa a uma vizinha ou amiga ouvindo  minha avó dizer, piscando os olhos:_____ Para adoçar sua vida!
Assim sendo me lembro da vida dura que minha mãe teve e quanto teve que terapizar se através de bordados feitos até altas horas da noite. lembro me também de quantas vezes eu e depois minhas filhas ganhamos  de natal  da vovó roupinhas novas para as bonecas.
Diferente  das minhas ancestrais não me dou bem com as agulhas. Lanço mão então dos pincéis e ponho minhas emoçoes, cansaços, alegrias e tesão nas minhas telas.
 Ou venho aqui para o blog abrir um pouco as portas de saída. Uma catarse! E neste gesto de arejar a " minha morada", o caos se desinstala um pouco e Ufa! não é que já estou  rindo outra vez?
Só mais uma da Emília. Ela tinha a assinatura da revista Seleções e, como tem um coluna nesta revista onde se contam piadas entitulada Rir é o melhor remédio, não precisa falar aqui qual era a coluna que minha avó lia antes de qualquer outra.
Tá rindo disso? Eu também !
PS. Enquanto escrevo este texto atendo a ligação da tia Irene, minha madrinha e filha da Emília perguntando se Jully tem poupança. "Sabe como é minha filha, quero por um dinheirinho todo mes para ela. Afinal a gente não sabe do dia de amanha e um dinheirinho extra pode abrir portas"
Começo a rir no telefone e ela não entende o porque.
Termino a ligação dizendo: Claro tia, é sempre uma porta de saída.
Amém!

sábado, 26 de março de 2011

Sete anos Dudu serviu

Dia 27 de março, próximo domingo, Bia e Dudu completam sete longos anos de casados. Gente, parece que foi ontem.
Mansão Oásis.
Ju e Lá como damas de honra. Música bonita, buffet de Adriana e muia gente boa unida para celebrar. Inclusive minha mãe.
Lua de mel em Cancun.
 E uma vida nova pela frente.
Dois anos depois a primeira filha, Amanda dos olhos verdes.
 Dois anos mais tarde  mudança do Sudoeste para o Lago Sul.
Seis anos depois Jully na parada.
Nestes sete anos Ju se tornou de maior, tirou carteira e foi trabalhar.
Lá namorou, desencantou, cresceu e entrou para a faculdade. Já está dirigindo seu carrinho e sua própria vida.
Quanta coisa pode acontecer num intervalo de 2.555 dias?
Muita festa, muitos natais, muitas  viagens, muita correria, muito riso, algum choro.
Muita cumplicidade, muito stress  mas muita fé na vida.
Amanhã almoço no Francisco, brinde e vamos que vamos.
Que comecem o oitavo ano e que tenham força e sabedoria suficiente para não desistirem de si mesmos nem agora nem depois de agora.

quarta-feira, 23 de março de 2011

As time goes by

          As time goes by a gente vai crescendo em sabedoria e decrescendo em vitalidade. Será???
"O tempo dos maduros". Acho linda esta frase! Não gosto da frase "Melhor idade". Me soa como um grande deboche. Um favor.
          Ainda ontem repensava a minha vida através dos filmes que vi e que amei. E, claro,  Dr. Givago me tocou profundamente. Ele, o Omar e a Julie Cristie, a artista mais bonita que o cinema já teve.  Me lembrava a minha bisavó Tereza com seus traços fortes. E, a história do filme me tocava de um modo que só mais tarde vim a entender o porque. Givago e Lara. Uma versão de João e Tereza ( meus bisavós queridíssimos ). Seus destinos marcados por uma guerra. Um eternal love affair. Uma filha, a grande Emily Gaumitz que não se vai dos nossos corações jamais. E é bom que seja assim. É um prazer te-la aqui dentro. Quantas vezes assisti o filme e quantas vezes ao ver as cenas dos dois amantes na cama pensava em meus bisavós! No fundo a gente sabe tudo. Ainda que crianças a gente saca tudo. Afinal faz parte do nosso campo mórfico. Um inconsciente familiar permeia nossa vida e nossas relações.
            Isso tudo ficou muito claro para mim depois de uma viagem de navio que fiz onde sentimentos que não eram meus tomavam conta do meu ser ..Mais tarde conversando com Maria Alice e tia Irene, as memórias da minha família, soube de acontecidos em alto mar à minha outra avó. A vó Juliana.
           Num texto anterior entitulado "Cade nós"? eu falava da permanencia de uma beleza que vem de dentro, que vem da aceitação de si própria. Um envelhecer digno. E postei uma foto de Fernanda Monte Negro.
           Ilustro então este texto com fotos de Julie Cristie, a inesquecível Lara.
           Neste momento estou ouvindo Ernesto Cortazar tocando O tema de Lara.
           Há momentos que valem por uma eternidade.

terça-feira, 22 de março de 2011

Os verdadeiros templos

          Os verdadeiros templos na Terra são os hospitais - não as igrejas. Nas igrejas tem muito ouro, riqueza. Aqui não, você conhece o sofrimento, o valor da existência humana. Os orgulhosos e os soberbos ficam humildes, ricos e pobres são iguais; os ruins, os autoritários e os maldosos se tornam condescendentes: eles ficam despidos, tiram a máscara; é aqui que você conhece o que é viver, que resgata para a vida, não em uma igreja qualquer,que o sujeito entra lá, reza dez minutos e sai. Ele pode até sarar, cicatrizar a sua alma. Mas aqui nós curamos a alma e o corpo. Esse é o verdadeiro templo, onde o ouro é a vida. Você entende o impacto que a desigualdade social tem sobre o ser humano, a pobreza, a falta de instrução causa doenças. Depois de 30 anos no Sirio-Libanês eu mudei para o Oswaldo Cruz. Achar que eu vou ter novas salas, três enfermeiras a mais, é brutalizar o que passou pela minha cabeça. Mudei porque não estava vendo esse lugar como um templo. Eu vivo intensamente, por isso tenho esses sentimentos.
Dr Miguel Srougi (Urologista)
Tela de Vincent Van Gogh

domingo, 20 de março de 2011

Usar o pensamento para nos definir é algo que nos limita.

Fale-me de voce!
Quando alguém nos propoe que falemos de nós, embora muitas vezes seja  prazeroso, começa um processo de encolhimento, de limitação, encurtamento.
Ora, onde me encaixo. Sou muitas e tantas, como diz minha Guru Ana Marta.
Difícil falar de  mim. Podar-me, encaixar-me, fechar-me enfim em meia duzia de conceitos.
E o resto? Ou melhor,  o todo?
Tudo bem: Sou mulher. Carioca. Professora aposentada. Mãe de família. Avó. Amiga de umas pessoas especialíssimas. Sou a dona Angela ,patroa. A sogra. Sou a vizinh do 606. Sou a buscadora. A contadora de histórias. A filha do Domingos. A neta da Grande Emília. A mulher do Wilson. A acompanhante no HFA. A paciente do Marconi.A metida. A vaidosa. A ex de algumas pessoas. A apaixonada por cachorros. A artista Plásstica. Angela Frias.etc, etc,etc.
Sou enfim este EGO tão exagerado que me faz buscar tantos trabalhos, tantas leituras, tantos workshops na intenção de abrandá-lo, ainda que um pouco.  Algo que, ultimamente,  já ando considerando quase humanamente impossivel.
A dificuldade  de responder a pergunta vem do ato de responde-la com o o pensamento.
Somos muito mais do que esta razão  martelando nas nossas cabeças.
Em outra postagem eu escrevi uma frase: ___ Envelheço, e internamente, resplandeço. Cabe ressaltar aqui que envelhecer no caso está longe de startar um processo degenerativo. Estou considerando que uma criança de 12 anos, por ter chegado a esta idade, evoluiu, envelheceu  por exemplo nos ultimos 5 anos e, como consequencia, cresceu, resplandeceu, desabrochou.
Enfim hoje sou um pouquinho mais que ontem e amanã serei um pouquinho mais que hoje. Novos horizontes, novos incomodos, novas alternativas, novo estado de animo, novos amores, novas possibilidades, novos problemas. Nova pessoa!?:
Esta é a dinamica da vida do ser humano. E algo muito maior que o pensamento, ou não apenas ele, nos conduz a esta trajetoria de maneira a não nos deixar sucumbir.
Portanto:  Não apressemos o rio. Ele corre sózinho. A vida se incumbe de muitas coisas. O universo conspira. Existe muito mais entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia. Não é mesmo?
Uma idéia seria viver um dia de cada vez. Tentar estar mais no "aqui e no agora. Entregar, confiar e , o mais dificil, aceitar que algumas coisas poderão ser mudadas por nós enquanto que outras? Não
Impossível fazê-lo via  pensamento apenas, nos resta tentar ser mais, pensar menos, sentir mais.
Deitar a cabeça no travesseiro e sentir, via coração,  que nem entendo mais  aquilo que entendia, pois estou infiinitamente maior do que eu mesma e já não me alcanço.
Otimismo?  Talvez não...Um despertar, eu dirira.
Quero fechar esta postagem com uma citação do filósofo alemão Eckhart Tolle: Quando conseguimos nos sentir à vontade em não saber quem somos, então o que sobra é o que somos. O  ser por trás do humano, um campo de pura potencialidade em vez de alguma coisa que já está definida.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Da janela do 1011

          Nove meses depois de estar no 1015 ( ver texto da época ) retorno ao décimo andar do HFA. Desta vez como acompanhante. E que desta vez não confunfam o paciente com o acompanhante tentando medir minha pressão. Como diria minha tia Rosa..... Comigo não, violão!!! 
          Tres semanas atrás o Wilson se queixou de apatia e ansiedade. Procuramos o hospital, foi medicado e voltamos para casa. Aí começou um processo de quatro noites sem dormir. Até que decidiu por procurar outro médico. Foi medicado e andou meio" longe de nós". Com  uma apatia ,que não combinava nadinha com seu modo de ser. Depois do carnaval, na quarta feira de cinzas o processo começou a    se transformar numa Pneumonia aguda. Dizem as "más línguas" dos médicos. Por que não falar de coisas mais agradáveis? Línguas pessimistas!!!
           Quarenta e oito horas depois os sintomas da Pneumonia já mostram uma recuperação animadora. A questão é que a Pneumonia pode debilitar as funçoes renais e por isso estamos aqui.
           Boletim feito, vamos falar um pouco de como tudo isso chega aqui dentro. No coração.
          Por enquanto chega com muita dor, com muito medo, com muita esperança e com muita raiva. A Resignação eu to empurrando mais pra frente, embora saiba na teoria talvez fosse melhor fazer o contrário. Sabe o que é? Neste momento  parece que a resignação pode enfraquecer a minha determinação de empenho. Mas fico pensando. Depende de mim? Ou dele? A nossa intenção ajuda?
        Até onde o meu esforço e a minha tentativa de controle farão alguma diferença? Fico pensando que tanto o Destino quanto a Morte ficam de arquibancada observando meus movimentos em atitude "superior"?
Tipo assim..... Deixemos que ela faça seus movimentos .
          Prefiro então ir ter com a Aceitação. Esta me parece um poucio menos pedante, mas tampouco me consola como eu esperava.
O Apego , por sua vez, fica me rondando com ares de ..... Eu  te   avisei!!!
E eu não tentei? Tenho vontade de perguntar.
E da janela do 1011 vejo chuva, vejo sol, vejo carros e vejo gente. Gente cumprindo a lida. Sua rotina.
Exames feitos, sinais vitais conferidos, banho tomado e merenda aceita dorme um pouco. É parece que a Paz se faz visita acompanhada da Confiança.
 É bom te- las aqui um pouco. Me fortalecem. E a ele também, acho.
Voltando a olhar pela janela penso que vou dar uma volta rápida. Pego a bolsa e saio. Chego no térreo e também não tá bom, sabe? Insisto. Ando um pouco pelo Setor Sudoeste, vou em casa, passo no Candanguinho p ver as netas e.....volto.
Daria tudo para ver o olhar do Wilson mostrar entusiasmo com o meu retorno. Quem precisa de quem neste momento? Sento me na cadeira da acompanhante ,abro o note, o blog, os emails, leio um pouco o livro de Amy Tam que Lilia me deu.
 Entra enfermeiro, nutricionista, faxineira, gente da copa, gente do laboratório. E é esta a nossa   circunstancia de vida. Como manter a esperança? E quanto as circunstancias propriamente ditas? Simplesmente questão de destino? Ou a vemos sob o conceito chines de sorte? O conceito cristão da vontade de Deus? O conceito americano de escolha?
Falo  ao telefone com Marina, com Bia, com Lilia. Meu "Estamos aí!"
"Minha lojística".
Foto de outubro de 2010. Londres.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Meu "modus operandi"! ?

          Já supus em um texto anterior que a imaginação fosse a memória que enlouqueceu. Tão fácil me parece ser contar algo de memória! Aprendi isso muito cedo; ainda na escola primária, quando a professora pedia para escrever uma composição ou contar algo que tivesse acontecido conosco. Logo logo escolhi a segunda opção por considerar mais tranquilo apelar para a memória . Considero relativamente fácil usar a memória da criança que fui um dia para escrever um texto. Isto talvez porque escrever de memória seja lembrar meu lugar psicológico no mundo; do mesmo modo que faço em terapia. Contar sobre as crenças que tive ou tenho, as perdas que tive ou que tenho medo de ter, as expectaivas e esperanças que ainda sinto vivas dentro de mim. Ou porque, olhando para trás, perceba que nascen das perguntas que eu fazia quando era criança tais como: Como aconteceu?  O que vai acontecer? Como teria sido se não tivesse sido desta maneira? Questionamentos e suposições que, através de minha mente infantil, ganha inúmeras possibilidades. Me vem agora a imagem de minha avó esticando massa de pizza para todos os lados possíveis e rindo orgulhosa da plasticidade da mesma.  Que coisa boa poder usar a memória com tamanha plasticidade e  assim poder entrar, sair e voltar  neste mundo de histórias passadas quantas vezes e quando quiser!
Razão demais! dirão alguns. Meu "modus operandi"!?,  direi eu.
           Como eu gostaria que, pelo menos uma vez, minhas netas me vissem "trabalhando" uma massa para pizzas. Mas não fazemos mais massas caseiras. Uma pena! Uma experiencia destas atua diretamente na nossa compreensão da vida.
          Dois dias atrás Marina me pediu que fizesse pão de queijo caseiro dizendo que o sabor é muito diferente. Interessante que estávamos falando que precisávamos nos ocupar mais de coisas concretas e racionalizar menos. Mas não era só do sabor que estavamos falando. Estavamos falando de um ritual mais antigo. O ritual de nutrir corpos e espírito numa cozinha que nos envolva no cheiro do preparo do alimento. Infelizmente esta experiencia não cabe dentro da embalagem dos tão gostosos paes de queijo Forno de Minas dos supermercados!
E.T. Vou pedir um amém. Estou tentando ser mais sucinta. Difíiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiicil!!!

sexta-feira, 11 de março de 2011

O amor é inocente.É Infantil!

          Conversando com meu Guru sobre a vida e sobre o amor fui surpreendida com a calma e a resignação de Marconi me explicando que o amor é infantil. Inocente. Assim sendo , quer salvar o outro. Acredita  nisso e põe mãos à obra. O preço que paga por isso? Bem, as vezes esquece de si porque salvar o outro passa a ser sua  maior missão.
          Fiquei encantada de ver que então isso não é uma característica apenas da Constelação familiar, onde vemos os membros da familia, principalmente as crianças, querendo "salvar" os adultos. Que amor altruista é este que já reside em seres tão pequeninos?
          Me pego pensando em quantas vezes na minha vida fui imensamente amada e não entendi bem.
Não querendo fazer a apologia do sofrimento chegamos a conclusão que precisamos limpar muito lodo antes de comecarmos a mostrar sinais dos  cristais que somos na essencia.
          Meu marido não anda bem e me vi tentando animá-lo um pouco. Então Bia me sinalizou de que eu só preciso estar por perto. O processo é dele. E eu não posso me responsabilizar pela sua alegria. Entendi na hora e concordei. É a ingenuidade do amor. Aquilo que Marconi chamou de Amor Infantil.
Marconi me disse com seu jeito amoroso de falar que todos passamos mais cedo ou mais tarde por este processo lodoso. E que só passando por essa "dores", eu diria alquimicas, é que nos tornamos mais calmos, mais compassivos, mais amorosos, seres melhores. Gente Grande, literalmente.
          Então é isso. O amor, este petit infant, este mini super herói, o salvador ,nos cobre de cuidados  na confiança inocente de que fazendo assim nos salvam de nossas dores. Bonito isso. Muito bonito. Mas nem sempre eficaz.
          Ano passado minha neta me viu chorando e ficou muito incomodada. Me pegou pela mão e me levou para brincar um pouco. Uma Pequena Mulher Maravilha, talvez.
          Sejamos pois "imaturos",criancinhas mesmo, se é assim que agimos com o nosso coração e com  nossa amorosidade.
E que a gente consiga ver o amor nos pequenos cuidados ou nos grandes comprometimentos para com o outro. Quem não se emocionou com o pequeno principe e seu apego para com a rosa e a raposa?
         Já disse, aquele cara, uma vez: Vinde a mim as criancinhas porque delas é o reino dos céus!
          É preciso ser criança para sermos adultos.

Foto de Henry Cartier Bresson

quarta-feira, 9 de março de 2011

What the fuck is this???

       Carnaval de 2011. Bia e Dudu viajaram e sobrou para nós estar com as crianças na casa dela. Assim nos mudamos para o Lago eu, negão, papai, Marina e a super Lilia com seu rebento Samuca.
               No domingo de carnaval fizemos a sétima feijoada do seu Peru e a tardinha Maroca foi para o Maracanã. Um bar da Asa Norte. Foi sem carro por que iria "tomar todas" e combinamos que eu iria buscá la mais tarde.
              Lá pelas tantas horas ela me liga e me diz que está me esperando. Pego a chave do carro e quando vejo Samuca está do meu lado. ( acontece que ele gosta de andar de carro e se encosta em mim cada vez que ve que eu vou sair).
             Já era tarde e ele foi deitadinho no banco de tras do carro. Chego no bar buzino para ela e a coitada entra no carro "pra lá de Bagda".
             Tento estabelecer um diálogo com ela  de volta para o Lago e vai que de vez em quando Samuca balbucia algo lá de trás. Claro que Maroca não tinha percebido que ele estava no carro. Estava escuro e chovendo muito.
Diz ela:   " Mãe I see dead people ".
Really? pergunto eu.
E ela continua   " Mãe voce está ouvindo vozes?"
Sim, respondo.
"E?"
É o Samuca que está aí atrás.
 " What the fuck is this Samuca? Quer me matar de susto?
Eu particularmente não acredito que o menino tivesse a intenção. Mas fico me perguntando . Será que ela ve mesmo? Não adianta ficar dourando a pílula. Com cerveja na cabeça até eu sou capaz de ,não só, ver "dead people" como conversar um pouco.
             Me vem agora uma ideia. Vou gravar uma fita com uma voz sinistra orientando-a a não beber e colocar para tocar no carro a próxima vez que for pegá la em um bar. Sabe como é.... mais cedo ou mais tarde  a culpa recai sobre a mãe mesmo.
            No dia seguinte , quando já ríamos da situação,ela dizia  " Também minha mãe pos o Samuca no carro e não me avisou!!
           Eu não disse?

terça-feira, 8 de março de 2011

Ponha todos juntos e de repente vamos ver o que é que dá!

Posted by PicasaTodos juntos somos fortes
somos flexa e somos arco
todos nós no mesmo barco
não há nada pra temer

ao meu lado há um amigo
 que é preciso proteger
todos juntos somos fortes
não há nada pra temer

Dia Internacional da mulher
Terça feira gorda
Minha homenagem ao grupo de amigos que me acompanham no tradicional almoço de carnaval
A todos o meu abraço
carinhoso!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Clarinha se foi

        Dia desses Amanda foi ao aniversário de sua amiguinha mais chegada e trouxe de lembrancinha da festa um peixinho coral a quem deu o nome de Clarinha. Providenciados aquário, comida e um local estável ( se é que isso é possivel numa casa com crianças, cachorro e um biso quase cego) o peixinho ficou legal. Nadava bastante.
Desde então a primeira coisa que Amanda fazia quando alguem chegava em sua casa era mostrar sua Clarinha. Até que...
              Hoje cedo falei com Bia que pesarosa me contou da morte de Clarinha e sua repercussão em Amanda.
             A princípio não aceitou a morte do peixinho. Se indignou. Perguntou depois a mãe porque ele havia morrido e  então o diálogo ficou mais ou menos assim:
Filha acho que este aquario era muito pequeno para eles . Os peixes pertencem ao mar, aos lagos, aos rios.
E porque voce não me falou antes? E agora?
Agora ele morreu.
Mãe mas porque ela tava em pé e não deitada? Perguntinha capiciosa essa ,não?
Porque quando a gente morre.... Não pera aí...
Pera aí, o que?
Mais tarde voce vai estudar isso, filha.
Mãe me compra outro peixinho?
Isso, filha eu compro outro.
Porque então quando ele morrer eu vou jogá lo no lago.
E que nome voce vai dar ao novo peixinho?
Ainda não sei, mãe. Ainda to com saudade da Clarinha!!!
            Sei que é muito cedo para  ela entender a morte do modo como nós, os adultos entendemos. Se é que conseguimos um dia. Mas isso não faz com que ela não sinta a impotencia e a frustração que vem do apego doendo em seu peitinho infantil.
           Nada está errado nesta vida, sabe? É de pequenino que se começa a trabalhar as perdas. Faz parte, tento me convencer.
          Me lembro agora que quando pequena as vezes nossas mães compravam um peixinho ou um pintinho na feira para nós. Puxa elas sabiam que os bichinhos estariam com os dias contados num ambiente doméstico, mas acho que pensavam. Por que não deixá-los curtir uns dias de alegria?  Além do mais a gente estava aprendendo a cuidar. Quer dizer, nem sempre. Jayme, aquele meu primo  danado de uma postagem anterior, afogou alguns pintinhos no tanque de sua casa.
          Eu por minha vez tive de tudo um pouco, graças a Deus. Mas tive preás que eu amei muito até o dia que uma elas teve filhotes e no dia seguinte eu vi que ela própria tinha comido metade de um deles. Essa imagem nunca saiu da minha cabeça de criança, quiçá da de adulta. Meu coração fechou para as preás.  Nunca mais me chamaram a atenção.
         Arrisco me  a terminar o texo com uma musiquinha para a Amanda.
         Atravessei o rio à nado em cima de um barquinho, arriscaria a minha vida pra salvar o seu peixinho.
         No que ela diria: Chuva vai, chuva vem, chuva miúda não mata ninguém.

quinta-feira, 3 de março de 2011

De quando estive em Piri pela enésima vez

          Gosto muito de Pirenópolis. Gosto de cidades históricas. Comecei a gostar de goiano depois que fui em 1994 a Piri pela primeira vez. O povo de lá e acolhedor e mais.... digamos.... disposto no atender as pessoas.

Eu estava recem desquitada do meu primeiro marido e conheci uma pessoa na aula de dança de salão. É, abafa! Pensa que eu não tenho um pezinho na cafonice? Era maio e o grupo da academia combinou de ir para Piri para a festa do Divino assistir as cavalhadas. Gente, é bom demais! Desde então sempre que posso vou lá comer o empadão goiano da rua Direita e compras os biscoitos da D. Marta, uma professora aposentada que para te vender um biscoitinho te manda sentar e conta a historia da familia dela. Acho que o goiano de Piri tem essa coisa de gostar de falar dos antepassados. Onde eu me identifico. Vai embora não! Deixa eu contar mais um caso! Tá cedo, senta!

          Bem, semana passada fomos lá descansar um pouco. Ficamos apenas dois dias que foram suficientes para ir à Vagafogo, "santuário ecológico" fazer a trilha, comer os empadoes e não comprar os biscoitos. D.  Marta tinha viajado. Sabe como é. Lá é interior e tem o ritmo do goiano. A dona viaja , a loja (casa dela) viaja também. Mas tá valendo. No primeiro dia almoçamos voltamos para a pousada, dormimos e voltamos para a cidade para tirar as mesmas fotos de sempre e ver os mesmos artesanatos de sempre. E vai daí que me deu aquela vontade que tenho sempre de comer doce. Não sei o que é isso, mas preciso ceder nessa hora. Nem que seja para uma paçoca de um boteco pé sujo! Procuramos de tudo. Padaria, doceria, restaurante , café. Mas era dia de semana e estava tudo fechado. Parei então para comprar um artesanato para o sítio de Itaipava e vi que tinha uma entrada cheia de baloes de aniversário na porta. E comentei com o Wilsom. É uma festinha. Um olhou para o outro com cumplicidae e eu perguntei... Tem coragem?     Ao que ele comentou..... Mas vai falar o que?   Deixa comigo..... Entramos.

Olá!!!!!!!!! educadamente uma senhora veio ao meu encontro. Como vai? E onde está nosso aniversariante?Um minuto..... Parabéns viu querida!!!. Vamos sentando.... Obrigada.... Bebem alguma coisa? Não se preocupe, estamos bem! A senhora se afastou e eu continuei a sorrir para as pessoas. O resto voces já sabem salgadinho, DOCES e bolo. Uma fartura! A fartura do goiano. Oh gente pra saber receber e acolher o visitante!

           Voltando para a pousada dormi como um passarinho. Sabe aqueles passarinhos cafona que antigamente as pessoas colocavam em bolos de noivas? Bem açucarados? Pois, é!
           Segunda feira retomo a dieta!

           Juro!!!
ET: Para os amantes da natureza  Piri tem cachoeiras lindíssimas. A Vagafogo é parada obrigatória. E a festa do Divino é bem peculiar. Na noite da festa as famílias deixam as suas portas abertas a noite toda com café, biscoito de queijo e outras quitandas sobre a mesa. Qualquer um é bem vindo. Muito legal mesmo!