Sempre acreditei no encontro. No estar juntos. Insisto em dizer que só é triste quem se sente só. E é claro que conforto material, bebida, fumo, música alta ajudam. Ajudam sim a anestesiar as pessoas para que continuem sós. Quantas vezes numa roda de Biodança passou pela minha cabeça que se as pessoas não abrissem mão das pessoas, não precisariam drogar-se tanto. Toda vez que ouço a notícia de alguém que morreu de overdose, por exemplo, fico perplexa de imaginar que ela não tenha encontrado alguém, contado com alguém. Perdeu o “bonde”, se escondeu , não foi para a vida, não gritou, não se espalhou. Perdeu-se de si própria!
Bia, minha filha mais velha, foi muito feliz quando colocou no seu convite de casamento um trecho de uma música de Marisa Monte que diz: No meio de tanta gente eu encontrei você. Porque o que mais pode ser essa vida além de encontros? Roberto Crema, terapeuta de luz, pontuou tão bem quando disse: Ninguém cura ninguém e ninguém se cura sozinho; as pessoas se curam no encontro. Parece que não valorizamos o que é básico e buscamos a cura no consumismo, na droga,na solidão.
Minha grande amiga Monica Filizola é antes de tudo outra terapeuta de luz, assim como o Roberto. Faz do seu ofício cura sagrada, seja na Biodança, nas Constelações Familiares, no abraço que nos banha de cuidado perene, na escuta, no Minotauro, e demais workshops. Inventa, reinventa, é incansável e determinada porque acredita na parceria, no colo, nas mãos dadas, no olhar que desvenda a nossa alma. No auge de um encontro de Biodança muitas vezes estamos sozinhos, mas só é assim por termos logo no início trabalhado com o outro. É ele que nos revela.É o encontro com o outro que nos abre uma trincheira para que cheguemos a nós mesmos, para que resgatemos a alegria, a identidade e a saúde. Isto é CURA!
Marina, minha filha mais nova tem fome de gente. Quer pessoas ao lado dela. Se empolga e convida não sei quantas pessoas para seu aniversários. Está sempre com dois ou três amigos em algum lugar bebemorando o encontro, a amizade, o estamos aí.
Este texto quer deixar um convite a reflexão e a comunhão para todos os meus amigos. Fica o apelo, que me faz lembrar muito Marina num show que fomos recentemente quando extasiada com a apresentação de Armandinho gritava: CHAME GENTE!!! Numa primeira leitura era um pedido de música, numa segunda leitura... quem a conhece, sabe...