terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Fala sério!!!

               To passada com o despreparo dos adultos em lidar com certas situações. As vezes parece que o Homem ainda não deixou a caverna.
               Sou casada pela segunda vez. Wilson foi do Exército. Hoje, terça feira gorda, decidimos levar as netas ao baile infantil do clube. Para que elas aprendam a admirar esta festa tão brasileira. Clube do Exército.
               Logo que chegamos corremos a escolher uma mesa que ficasse  na pista. Daí a alguns minutos passou uma senhora. Dez minutos mais tarde a senhora foi se chegando e ocorreu o seguinte diálogo.
               Com licença. Boa tarde. O senhor é o Wilson? Sim. Na verdade vi a senhora passar mas fiquei na dúvida se era a senhora mesmo. Pois é eu também fiquei. Tudo bem? Olhou para mim. Esta é a Angela. Muito prazer. Prazer. Pois é quanto tempo. Blá blá blá. É sua esposa? Sim. Haaaaaaaaaaaa. Tudo bem? Tudo. Eu nem me apresentei, mas é porque eu era vizinha deles e amiga "dela" ( o Wilson é viúvo ). Ah..... É mas já passou, né? Será? Parece que não.
               Penso que curiosidade, mexeriquice, ou seja lá o que for... tem limite.
               De outra vez teve uma senhora que no meio da conversa onde falavamos de comida e de cozido ou feijoada, não me lembro bem, ouvi o seguinte.... Leva a mal não! Mas "a dela" ( Da falecida ) era fora de série.
               Tem aquela que já se vão aí uns oito anos em que após ser apresentada a mim disse: Ela era do meu coração, sabe? Eu gostava muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito "dela" Sei, respondi. Pode continuar gostando , se  pensa que estará traindo o seu amor por ELA ou a amizade "dela". Detalhe. Eu e Wilson vivemos juntos há dez anos. Achei que não passaria mais por isso.
               Fico me preguntando que necessidade é essa de ter que ter um cartão fidelidade até com alguém que já se foi.. Ter gostado muito da companheira de alguém que ficou viúvo impede as pessoas de gostarem da que a substitui (?)  Me poupem!
 Minha mãe costumava dizer.... boca calada não entra mosca. Sei que a galera da minha época ouviu demais essa expressão.Esqueceram? Estarão com Alzheimer? Ou a bisbilhotice é maior mesmo? Que absurdo!!! Atenção aí galera! Ninguém quer substituir ninguém. A gente só quer ser feliz!
               Mas para tanto precisa competencia. Para sermos felizes precisamos ser competentes e abrir mão das atitudes infantis e tentar acompanhar o crescimento que a vida demanda. Afinal nem todos  sabem como se comportar em diferentes situações, mas tem a obrigação de crescer e tentar aprender e bem rápido, em nome da boa convivencia.Ou a gente corre o risco de exigir que nossos filhos e netosw cresçam quando nem nós crescemos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Que c' est triste Venise

                                                                     
               De volta do Rio vou almoçar com Bia e trago Amanda para dormir comigo. Ela me conta do navio. Diz que era tão chique que no restaurante não se podia falar. Penso.... não, do jeito alto que ela  fala. Conta tudo sobre o navio que foi nas férias. Fala de Itaipava e da minha velhice. Em determinado momento vira para mim e diz.... sabia que voce tem o mesmo cheiro da tia Marina?  De cigarro? eu pergunto. Não vó de perfume fraquinho. Como se fosse de nene. Não entendi. Parece que gosta.
               No dia seguinte estou esperando Rosana para aula de pintura em tela. Quando ela acorda e ve a mesma no cavalete se surpreende animada. Pensa que vai pintar também. Ainda falta uma hora para minha aula e venho para o note. Acontece que o note fica no escritório onde tem papel, lápis e cola para ela brincar. E, claro, alguns CDs que papai ouve todas as manhas.
Amanda liga o aparelho e Charles Aznavour começa a cantar Que c' est triste Venice .
E ela  canta junto num frances ali da Praça Paris.
De outra vez eu havia dito a ela que aquela musica era francesa. Parece gostar. Me diz que um dia irá a Paris. Se empolga e aperta o botão de repetir; o que me faz não ter duvida de que seja minha neta e bisneta do Tota. kkkkkkkkkkk
O  que me vem é de que a musica nos leva a  transcender. É o sentimento desprovido de  idade. A universalidade do sentimento. Pessoas sem nome e sem um rosto. Imagino o Planeta visto do alto e penso... quanta gente que eu não conheço!!!
 Quantas avós estarão neste momento curtindo esta sincronicidade com uma neta?
Essa coisa que não tem nome, como dizia Saramago. E que não tem idade, diria eu. Que não não tem distancia.
Um momento. Uma manha. Um espaço de 60 minutos esperando uma aula. 
Um mundo  a parte. Os protagonistas ?  Angela, Amanda e Aznavour. 
Um momento de Transcedencia.
Que c' est triste Venise ...
Lá lá lá.... lá lá lá
Que c' est triste Venise
Quand on ne s'aime plus....